domingo, janeiro 02, 2011

O princípio antrópico não é ciência

OS céus manifestam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos - Salmo 19:1

O naturalismo tem a tendência de mostrar as suas mais discutíveis doutrinas duma forma que esconde a sua verdadeira natureza. Isto é feito de uma forma confusa. Frequentemente as doutrinas do naturalismo são apresentadas como tautologias ou truísmos cuja verdade é óbvia. É isto que acontece com o princípio antrópico.

Historicamente os cientistas há muito que sabem que a Terra é um lugar peculiar contendo muitas propriedades raras necessárias para a vida. Por exemplo, a distância da Terra para o Sol e a órbita quase circular da primeira mantém uma temperatura ajustada para a vida.

Para além disso, a Terra possui água abundante e uma temperatura média que, "por acaso", está dentro dos limites que proporcionam a que a água esteja no estado líquido. A inclinação da Terra é perfeita: se a mesma fosse menor, então uma maior parte da Terra estaria sob o domínio do frio dos pólos ou dos desertos equatoriais.

Se a inclinação fosse maior, então largas partes da Terra teriam seis meses de noite seguidos por seis meses de dia.

O campo magnético e a camada de ozono (O3) filtram a maior parte das radiações letais vindas do espaço. Outras características especiais da Terra incluem a sua massa, a sua densidade, o seu rádio, a sua velocidade de rotação, o sistema meteorológico, a pressão atmosférica e a sua composição química. Se estas características fossem substancialmente diferentes, então a vida tal como a conhecemos não seria possível.

Os naturalistas respondem.

Esmagados por todos estas "coincidências" do planeta Terra, os evolucionistas alegaram que existem outros planetas diferentes da Terra, e que esta última apenas teve a "sorte" de ter as propriedades necessárias para a vida. Portanto, concluíram os evolucionistas, o universo não favorece a Terra ou a vida de forma alguma.

Mas o universo é especial também.

As últimas descobertas científicas tem destronado esta explicação naturalista uma vez que novas evidências científicas mostram que o universo em si possui numerosas propriedades necessárias para a vida. Por exemplo, se a carga eléctrica dos electrões fosse ligeiramente diferente, então as estrelas seriam incapazes de queimar hidrogénio e hélio. Se a relativa potência das forças nucleares e electromagnéticas fosse diferente, então os átomos de carbono não existiriam na natureza e como tal nós não existiríamos.
Se um segundo após o big bang a taxa de expansão fosse 1/100 000 000 000 000 000 menor, o universo sofreria um colapso antes de atingir a dimensão actual. (Stephen Hawking, 1988, "A Brief History of Time: From the Bbig Bang to Black Holes", páginas 121-122)
Parâmetros fundamentais - electromagnetismo, gravidade, a carga e a massa das partículas fundamentais - tinham que estar todas em harmonia até ao mais pequeno detalhe. Como é que estes parâmetros podem ser explicados dentro do naturalismo? O universo parece ter sido criado por Uma Mente Racional com vista a vida. A maior parte da população mundial através da História interpretou as evidências precisamente desta forma. Uma minoria tem outras "respostas".

A nova resposta dos evolucionistas.

A resposta dos naturalistas é o princípio antrópico. A ideia é apresentada desta forma:
O princípio antrópico...pode ser parafraseado assim: "Nós vemos o universo da forma que é porque nós existimos". (Hawking, 1988,página 124)
O princípio antrópico é, portanto, tipicamente apresentado desta forma - dando ênfase no papel do homem como observador. O universo tem as propriedades necessárias para a nossa sobrevivência porque se não tivesse, nós não estaríamos aqui para o observar. Às vezes o conceito leva um toque esotérico que o torna interessante: O universo é da forma que é porque nós o estamos a observar. Isto parece indicar que "observar" o universo afecta-o de alguma forma.

Não é ciência.

Apesar de toda a pompa e circunstância, o princípio antrópico não é ciência mas sim uma tentativa naturalista de evitar a inferência lógica para a causa do universo (Criação).

Na verdade, há duas versões do princípio antrópico: o tautológico e o metafísico.

  • Princípio Antrópico Tautológico: O universo tem propriedades propícias para a sobrevivência (e observação) porque nós sobrevivemos (e observamos).

O princípio antrópico tautológico soa cientifico e explanatório mas não é. Porque é que nós sobrevivemos? Porque o universo tem propriedades propícias à sobrevivência. Como é que sabemos que o universo tem propriedades propícias à sobrevivência? Ora, porque sobrevivemos.

O princípio antrópico tautológico não é ciência por duas razões: é circular e não é testável. Além disso, ele foca a nossa atenção no homem e na sua existência como observador e distrai-nos do foco principal: as propriedades do universo.

Quando dito de forma clara a racionalidade por trás do princípio antrópico é clara e directa. Isto gera a segunda formulação:

  1. O naturalismo assume que a natureza não favorece de forma especial a vida ou a nossa existência.
  1. No entanto, as observações científicas mostram que o universo tem propriedades altamente improváveis necessárias para a vida e para a nossa existência.
  1. Os pontos (1) e (2) geram um conflito e o mesmo é resolvido com o princípio antrópico metafísico:
  • Principio Antrópico Metafísico: Existe uma infinitude de outros universos contendo propriedades distintas do universo conhecido; quase todos os outros universos são vazios de qualquer vida. Como tal, a "natureza" (toda esta infinitude de universos) em média não tem nenhum favor especial em relação à vida ou ao ser humano.
O princípio antrópico metafísico é a formulação nua e crua que contém algum poder explanatório. Embora esteja quase sempre escondida, esta é a formulação que os evolucionistas usam quando tentam explicar as peculiares características do universo. Este argumento tenta diluir o design que existe no universo adicionado outros (nunca observados) universos que não tem design.

Quanto mais improváveis forem as características deste universo, mais "outros universos" tem que ser adicionados de modo a que a "diluição" seja eficiente. Portanto, o argumento alega que em média a natureza não possui design algum, nem algum favor peculiar em prol da vida ou em prol da humanidade. O argumento alega que o design que o universo tem é o resultado de casualidade fortuita.

Como é óbvio, os evolucionistas evitam revelar a verdade do princípio antrópico metafísico uma vez que a noção dos "outros universos" é metafísica e sem suporte observacional. Isto imediatamente dá a noção de não ser ciência.

Conclusão:

O princípio antrópico é uma tentativa de explicar o design do universo sem apelar ao Criador. Como forma de o fazer, eles alegam que o nosso universo é um de muitos universos. O que nos distingue dos outros universos é que nesta há vida e nos outros não. Infelizmente não há a mínima evidência para os outros imaginados universos.

Para além disto, os naturalistas tentam desviar o foco da discussão das propriedades do universo para o observador. Supostamente o facto de nós observarmos o universo torna-o propício para a vida.

Nenhuma das explicações naturalistas está de acordo com os dados da ciência observacional. A explicação mais lógica e coerente é:

O universo tem propriedades peculiares para a vida precisamente porque o mesmo foi criado com esse propósito.
O design não é acidental: é propositado. Esta hipótese é a única que está de acordo com a calibração das leis da física e com as propriedades do universo. Como sempre acontece, é o naturalismo que é falsificado pelas observações.

Digno és, Senhor, de receber glória, e honra, e poder; porque tu criaste todas as coisas, e por tua vontade são e foram criadas.
Revelação 4:11


Fonte: "The Biotic Message", páginas 59-62

19 comentários:

“Historicamente os cientistas há muito que sabem que a Terra é um lugar peculiar contendo muitas propriedades raras necessárias para a vida.”

Mats… há organismos que vivem a altíssimas pressões, com temperaturas elevadas e em embientes tóxicos para a maioria dos outros animais. Já se mostrou que alguns organimos pluricelulares podem viver no espaço.
O que fazes é um exercício de curiosidade, como se o meu sofá fosse mais pequeno só caberiam duas pessoas, ou se eu fosse mais gordo precisava de umas calças maiores, mas as calças ficam muito bem com esta camisa, é incrível! Extraordinário! Obvio que se existe vida com estas condições, as mesmas codições permitem vida.

De facto, se alguma propriedade física da matéria fosse diferente podia nunca haver vida no Universo… ou haver. Não se sabe. Pode haver vida em locais onde nunca se suspeitaría.

Podes ver aqui esta notícia: http://astropt.org/blog/2010/11/30/incrivel-descoberta-na-astrobiologia/.

MAs Dário, a questão não é "como há vida, então existem as condições ideias" mas sim "porque é que há condições ideias para a vida".

Donde vem esta calibração das constantes da Física e da Química de modo a permitirem a vida?

Não é isto evidência muito forte para o Criador, uma vez que as probabilidades de todas estas constantes se terem ajustado a elas mesmas são ínfimas?

Mats,

Nós não sabemos se há vida noutras circunstâncias haverá vida. Certamente não como a nossa mas poderá haver de uma outra forma. Há muito para explorar e já se descobriram casos intrigantes como organismos que podem viver no Espaço ou em condições de extrema temperatura e altamente tóxicas para nós, repito, para nós.

Não queiramos que todos os organismos vivam como nós. Alguns vivem em condiçõs sulfurosas, que não dá para nós. Outros a pressões letais para nós. Outros sem oxigénio. Outros a presões muito baixas. Etc.

Acho piada. Se há muito pouco espaço na área de conforto de vida é porque há um criador. Se se descobrem organismos a viver para além dessa área é porque também há um criador.

Dário,

Nós não sabemos se há vida noutras circunstâncias haverá vida.

Pois não, mas sabemos que NESTE planeta existem condições para a vida, e que ESTE universo tem propriedades que tornam a vida possível aqui.

É isso que vocês tem que explicar. Por enquanto não o fizeram.

Mas o Universo pode permitir vida noutros locais porque aqui na Terra já percebemos que o limite para a vida não é assim tão pequeno...

olhas à tua volta e pensas que só pode existir vida a 1atm e com O2. No entanto reparas que não é bem assim. O limite de potêncial de vida extendeu-se

Como é que a Terra chegou ao ponto de ter todas as afinações bem calibradas de modo a permitir a vida? Como é que isto surgiu?

Essa é a pergunta. Dizer que o universo pode ter vida noutros locais não responde à questão.

Chegou tal como outras terras devem ter chegado. Aliás a afinação pode não ser tão perfeita. a área de potêncial de vida não é tão curta para a afinação ser tão boa. Prova disso são as grandes diferenças de ambientes e organismos a viverem nesses ambientes.

Dário,
Chegou tal como outras terras devem ter chegado.


E como é que isso se verificou? E como sabes que "outras terras" devem ter chegado à forma que a Terra está hoje?

Essa explicação é uma fuga ao problema. Apontar que "outras terras devem ter" condições iguais ou semelhantes à nossa não explica como é que ESTA Terra é como é.

Refiro-me a uma hipótese. É provável que outras terras tenham vida tal como a nossa tem em condições mais extremas. Se as condições noutros planetas for idêntica porque não haver vida?

Vida não quer dizer seres com 2 braços, 2 pernas, cabeça e que falam espanhol. Vida é bem mais do que isso.

A ideia de sermos os únicos e os mais evoluídos é de um extremo egísmo e desrespeito. O ser humano não é o mais evoluído, de longe.

Porque é que o Oxigénio é como é? Porque tem as propriedade que o permitem ser como ele é. A vida baseada no oxigénio surgiu acomodada ao oxigénio com essas propriedades. Se fosse diferente poderia também surgir mas acomodada a essas outras características.

Se a vida fosse completamente diferente e tu pudesses ter este blog e escrever dirias o mesmo. "Porque é que é assim? Não há outra forma de ser. Foi deus!"

Dário,

Refiro-me a uma hipótese. É provável que outras terras tenham vida tal como a nossa tem em condições mais extremas.


Mas não há a mínima evidência para tal, portanto filosofar sobre isso é perda de tempo. O que os naturalistas tem que explicar é a origem da calibração óptima para a vida que ESTE planeta Terra tem.


A ideia de sermos os únicos e os mais evoluídos é de um extremo egísmo e desrespeito.

Não, não é. É uma conclusão baseada nas evidências.

Se a vida fosse completamente diferente e tu pudesses ter este blog e escrever dirias o mesmo. "Porque é que é assim? Não há outra forma de ser. Foi deus!"

Lá estás tu a mudar o foco da questão. O ponto não é "nós estamos aqui" mas sim "o universo no geral, e a Terra em especial tem condições que permitem a vida. Como é que isso surgiu?"

O campo de Higgs determinou as características de todas as partículas no Universo, a massa, carga, etc. Essa foi a calibração. Poderia ser ligeiramente diferente e funcionar. Poderia ser muito diferente e funcionar. E poderia ser diferente e não existirmos.

Como sabes que somos os mais evoluídos da Terra, e do Universo? As tuas evidências empíricas, por favor.

A questão é mesmo "nós" porque somos nós que perguntamos e somos nós a evidência de que há vida.

Dário,
O campo de Higgs determinou as características de todas as partículas no Universo, a massa, carga, etc. Essa foi a calibração.

"Determinou" mas não CRIOU a afinação que as leis do universo tem. A minha pergunta é exactamente essa: como é que forças não inteligentes conseguiram ajustar as várias leis da Física e da Química de modo a que o universo pudesse surgir, e a vida pudesse subsistir aqui?

Como sabes que somos os mais evoluídos da Terra, e do Universo? As tuas evidências empíricas, por favor.

Eu não digo que somos os mais evoluídos do Universo. Eu digo que, de acordo com as evidências (ou a gritante ausência delas), nós somos os ÚNICOS a viver no universo físico. Se tens evidências contrárias, apresenta-as. Por enquanto ficamos com o que a ciência demonstra.

A questão é mesmo "nós" porque somos nós que perguntamos e somos nós a evidência de que há vida.

Mas o universo não se torna diferente apenas por nós fazermos perguntas.

Mats,

Quando determinas como vai ser um desenho tens de o criar. Ao desenhares vais criando. É a mesma coisa. As características dos eleentos estabilizaram onde estabilizaram.

Gostaria que lesses um pouco sobre isso.

Somos os únicos? E os animais à nossa volta? Em relação à Terra podemos não ser os mais evoluídos. Relativamente ao Universo não digo que sim nem que não. porquê? Porque não há evidências de que há vida mas há possibilidade de que haja vida.

E sim, o Universo é diferente porque fazes a pergunta. Porque se não fizesses a pergunta o Universo não te teria permitido perguntar.

Dário,

Quando determinas como vai ser um desenho tens de o criar. Ao desenhares vais criando. É a mesma coisa. As características dos elementos estabilizaram onde estabilizaram.

Isso não é uma resposta científica. "Estabilizou onde estabilizou" é fugir À resposta.

Somos os únicos? E os animais à nossa volta?

Estou a falar de seres com a nossa inteligência (ou superior). Não há vida em mais lado nenhum do universo sem ser na Terra. Se achas que há, tens que mostrar evidências.

Porque não há evidências de que há vida mas há possibilidade de que haja vida.

Não há motivos para pensar que há possibilidades para haver vida.

E sim, o Universo é diferente porque fazes a pergunta. Porque se não fizesses a pergunta o Universo não te teria permitido perguntar.

Portanto, se eu nunca fizer a pergunta, o universo nunca vai ter condições para a vida, certo? Claro que não.
Voltas a mudar o foco. O universo é o que é, e tem as condições para a nossa vida na Terra.

Como é que isso aconteceu? Dizer que aconteceu porque eu sou capaz de perguntar como é que aconteceu não responde À pergunta, mas desvia o foco da questão do universo para os observadores.

oh Mats,

Olha, lê estes post sobre o campo de Higgs primeiro:

http://o-outro-universo.blogspot.com/2009/11/campo-de-higgs-massa-e-o-cientista.html

http://o-outro-universo.blogspot.com/2008/09/o-que-o-lhc-anda-fazer.html

http://o-outro-universo.blogspot.com/2008/09/porqu-o-lhc.html

e sobre exoplanetas e possibilidades de vida aqui:

http://astropt.org/blog/category/exoplanetas/

e tens muito para ler a aprender. Sai do teu armário pequinino. Há, de facto possibilidades. Não tenho de por a mão no Sol para saber que ele é quente. Para isso teria de te pedir para lá pores se achas que ele é frio.

Lê algumas coisas de física. É difícil para quem não é a área. Mas se conseguires vais aprender e aí podes pegar nos conhecimentos e contrariar. Há modelos opostos nesta área, podes escolher qual o que melhor descreve o Universo. Mas tens de saber com o que estás a tratar.

Hmmmm..

Algum desses links dá alguma justificação para a afinada calibração das leis da natureza que o universo e a Terra tem?
Dá-me um link que diga isso e depois falamos.

Mostrar links de pessoas que PENSAM que há vida noutros planetas não explica nada; não é ciência, mas sim uma fuga à questão.

Não há a mínima evidência de haver vida em qualquer outro lado do universo que não a Terra.

Como é que isso aconteceu? Acaso? Acaso não é uma explicação científica.

Design é.

Mats,

Leste os comentários? Tens espírito crítico?

Vai aos comentário e pergunta pah! Não sejas tímido. Busca a resposta. Sentas-te e esperas que apareça?

Dei-te as ferramentas. Agora procura

Dário,
Não me sento e "espero" que apareça. Espero sim que alguém dê alguma resposta que esteja de acordo com as observações.

Até hoje, nada.

Então pergunta vai perguntando e pesquisando. Não te vejo a perguntar nada no AstroPT.

Artigos não faltam lá nem gente capaz de te responder muito melhor do que eu

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