quinta-feira, abril 15, 2010

MITO: O cristianismo opõe-se à ciência

O temor do Senhor é o princípio da ciência
Provérbios 1:7

Uma das objecções mais comuns contra o cristianismo é a crença de que o mesmo é incompatível com o conhecimento científico. Mas será isto verdade?

A era da ciência tinha como um dos objectivos - supostamente - substituir a era da religião uma vez que a primeira fornece melhores explicações acerca do mundo natural onde vivemos. Já não "precisamos" de Deus uma vez que a ciência já nos explicou como é que as coisas realmente são.

A religião é "inimiga da ciência e da pesquisa" diz-nos o ateu Christopher Hitchens (God Is Not Great).

A lógica por trás desta acusação é mais ou menos esta: a religião odeia a ciência porque a religião é apenas uma questão de poder. Mal as pessoas aprendem acerca da forma como a natureza realmente funciona, elas não mais vão precisar de Deus e como tal elas não vão precisar de igrejas nem de líderes religiosos a dizerem-lhes o que fazer. Os líderes irão perder a sua influência e poder, e como tal, eles não podem permitir que tal aconteça.

Devido a isto, o ateu Clinton Richard Dawkins escreve:

Os místicos exultam-se com o mistério e querem que o mesmo permaneça um mistério. ....Um dos verdadeiramente maus efeitos da religião é que a mesma ensina-nos que existe virtude em não entender. (The God Delusion)
Tanto Dawkins como Hitchens declaram que a religião é inimiga da ciência. Segundo ambos, a ciência e a religião não podem coexistir pacificamente uma vez que elas oferecem explicações contrárias da realidade. Uma vez que apenas uma pode sobreviver, uma delas tem que deixar de existir, e devido a isso, elas estão numa luta de morte.

O exemplo que é oferecido com mais publicidade é, obviamente, o de Galileu Galilei. Embora este incidente não tenha sido algo menor, o mesmo não foi nada daquilo que os ateus nos dizem que foi. Verdadeiros erros foram feitos - científicos, teológicos e morais - e injustiças foram cometidas, e ninguém discorda com isso. Mesmo assim, um único evento histórico não anula o suporte entusiástico dado pela Igreja às ciências naturais durante 2 mil anos.

A imaginada hostilidade da religião às ciências naturais estende-se também a outras disciplinas. Christopher Hitchens diz:

A atitude da religião em relação à Medicina, tal como a mesma em relação à ciência, é sempre problemática e frequentemente muito hostil.

Hitchens acrescenta que a pesquisa médica só começou a florescer "quando os sacerdotes foram postos de lado com cotoveladas."

Curiosamente, Hitchens dá o exemplo de Louis Pasteur como um exemplo de um cientista iluminado sem nunca revelar que Pasteur era um católico convicto.

Isto é normal entre os missionários ateus: como não tem a verdade do seu lado, eles distorcem os dados, ou escondem factos, como forma de avançar com o seu "evangelho".

Um análise mais atenta aos factos históricos revela-nos uma realidade muito distinta daquela que nos é pintada pelos ateus.
A História mostra-nos que as ciências naturais cresceram a partir da cultura Cristã. Tal como o sociólogo Rodney Stark de forma tão convincente mostrou (For the Glory of God: How Monotheism Led to Reformations, Science, Witch-Hunts, and the End of Slavery), a ciência estava "por nascer" (eng: "still-born) nas grandes civilizações do mundo, excepto na civilização Cristã.

Porque é que a ciência empírica e o método científico não se desenvolveram na China (com a sua sofisticada sociedade), na Índia (com as suas escolas filosóficas), na Arábia (com a sua Matemática avançada), no Japão (com os seus laboriosos artífices e com a sua tecnologia) ou na antiga Grécia ou em Roma?

A resposta é razoavelmente directa. A ciência floresceu em sociedades onde a mentalidade Cristã discerniu a natureza não só como um lugar ordenado, mas também como sendo o resultado do Poder Sobrenatural Dum Criador Inteligente. A ciência cresceu em lugares onde as pessoas assumiram que o mundo natural fosse inteligível, e que o mesmo tivesse a "assinatura" do Seu Autor.

Isto é muito importante, e facilmente se vê porquê: se tu acreditas que o universo é um lugar que opera de forma racional e organizada, a forma como tu fazes ciência vai ser bem diferente daquela que tu fazes se tu pensares que o universo é o resultado de forças caóticas, sem inteligência e sem planeamento. Se tu acreditas que o Criador é Inteligente e quer ser Conhecido pelo ser humano, então tu vais logicamente assumir que Ele terá posto na Sua Criação "parte de Si Mesmo" (tal como os artistas humanos colocam sempre algo deles mesmos nas suas obras de arte).

Se tu acreditas Num Criador Ordenado, Pessoal e Relacional, faz sentido assumires que o universo seja um lugar racional e inteligível. Se tu, por outro lado, és ateu e acreditas que o universo é o resultado de forças não inteligentes, então não faz sentido tu assumires que o universo seja um lugar racional.

Longe de ser um obstáculo à ciência, o solo Cristão foi o húmus necessário onde a ciência pôde enraizar.

O suporte não apologético do Cristianismo à ciência é nascido do contributo directo da Igreja à ciência. Tomando apenas como exemplo uma área - a astronomia - J.L. Heilbron, da Universidade da Califórnia-Berkeley, escreveu:

A Igreja Católica Romana deu mais ajuda financeira e suporte social para o estudo da Astronomia durante o período de seis séculos, desde a recuperação de conhecimento antigo durante a Idade Média até ao Iluminismo, que qualquer outra, e provavelmente, que todas as outras instituições.
Com isto em mente, a alegação de Hitchens de que "o direito de olhar através dos telescópios e especular acerca do resultado foi obstruído pela Igreja" parece ser insincero.
O que se diz sobre a Astronomia pode ser dito da Medicina, Física, Matemática e Química.
Tal como a igreja Cristã apadrinhou as artes, ela também suportou as pesquisas científicas. A visão da Igreja como sendo obscurantista e promotora da ignorância pura e simplesmente não corresponde à verdade histórica.

Alguns dos maiores cientistas da História - Newton, Pasteur, Galileu, Lavoisier, Kepler, Copérnico, Faraday, Maxwell, Bernard e Heisenberg - eram cristãos. A lista não termina aqui. Alguns cientistas de renome, como por exemplo, Nicolau Copérnico, eram padres Católicos!

Conclusão:

O Cristianismo não é contra a ciência, mas sim contra uma leitura absolutista da ciência. As ciências empíricas não podem fazer tudo e nem detém o monopólio da sabedoria e da verdade. Muitas questões importantes - provavelmente, as mais importantes - estão fora do âmbito da ciência.

Qual é o propósito da vida? Como é que nos devemos tratar uns aos outros? O que é que acontece quando morremos? Mesmo que um cientista trabalhe horas a fio no seu laboratório, os seus instrumentos nunca lhe vão revelar as respostas para estas perguntas. A ciência é a ferramenta errada para este tipo de trabalho. Nós não podemos descrever em termos científicos a beleza duma paisagem, o amor que sentimos pelos nosso filhos, e nem podemos responder às grandes questões da vida através da investigação científica.

Às vezes vale à pena perguntar se, apesar dos seus protestos, os ateus verdadeiramente querem avançar com um diálogo entre a ciência e o cristianismo. Hitchens diz que "todas as tentativas em se reconciliar a fé com a ciência estão condenadas ao fracasso e ao ridículo". Se isto é o que é assumido à partida, não faz sentido continuar com o diálogo.

Aparentemente, a guerra entre a ciência e a fé Cristã originou-se não nos cristãos mas sim nos crentes ateus. Até parece que os ateus querem provar algo aos cristãos.

O que será?


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