terça-feira, abril 28, 2009

Resposta ao Miguel Panão - Interpretação literal ou contextual?

Uma das pessoas que tem estado activa no blog do Ludwig é o Carlos Panão. Tal como o Ludwig, as credencias do Miguel no que toca à ciência operacional são impecáveis. O problema começa quando se começa a falar sobre o passado remoto, onde as crenças pessoais são um factor determinante.

O Miguel é um evolucionista, e como tal a sua interpretação do passado é feita de forma a manter o paradigma evolucionista. Uma das consequências da adopção da cosmovisão naturalista é a reinterpretação da Bíblia. Porquê? Porque uma leitura contextual e harmoniosa da Palavra de Deus refuta qualquer crença de que o processo evolutivo é o método através do qual o Senhor Jesus criou o universo.

No seu post com o título de "Em torno dos milagres", o Miguel respondeu a algumas coisas que eu tinha comentado no seu blog. Ele afirma:

Quem estuda a Bíblia e faz, nomeadamente, a exegése do Génesis, não faz uma interpretação literal.

Discordo desta posição. Existem imensos estudiosos da Bíblia que afirmam que a interpretação criacionista é a que melhor leva em conta o contexto. Por exemplo, temos as palavras de professores de hebraico que confirmam a interpretação criacionista do Livro de Génesis:
‘… probably, so far as I know, there is no professor of Hebrew or Old Testament at any world-class university who does not believe that the writer(s) of Genesis 1–11 intended to convey to their readers the ideas that:
  1. Creation took place in a series of six days which were the same as the days of 24 hours we now experience
  2. The figures contained in the Genesis genealogies provided by simple addition a chronology from the beginning of the world up to later stages in the biblical story
  3. Noah’s flood was understood to be world-wide and extinguish all human and animal life except for those in the ark.’ James Barr, Oriel Professor of the interpretation of the Holy Scripture, Oxford University, England, in a letter to David C.C. Watson, 23 April 1984.
Por outras palavras, levando em conta a gramática, a lógica interna e o contexto, a interpretação criacionista é a que está de acordo com o Texto Sagrado.

O Miguel continua,

Aliás, ainda há pouco tempo vi um episódio da BBC (Did Darwin kill God) onde o não fazer uma interpretação literal da Escritura é algo que vem da Tradição e dos Padres da Igreja.
Primeiro é preciso vêr a origem desta "informação". A BBC é conhecida universalmente por ser tudo menos amiga da Verdade Bíblica. Eles mesmo assumem que eles têm um "bias" contra os cristãos:
It was the day that a host of BBC executives and star presenters admitted what critics have been telling them for years: the BBC is dominated by trendy, Left-leaning liberals who are biased against Christianity and in favour of multiculturalism.
Não é de admirar que esta organização anti-cristã promova filosofias que vão contra o que Deus diz na Biíblia.

Outro ponto importante é o de que, contrariamente ao que o Miguel afirma, a história do cristianismo está de acordo com o criacionismo. Pode-se lêr neste site a crença que os católicos sempre tiveram sobre as nossas origens.

Como se isso não fosse suficiente, a história do cristianismo não-católico confirma a crença criacionista como sendo a ortodoxa:

Por exemplo, Calvino diz:

1. A Terra é jovem:
"They will not refrain from guffaws when they are informed that but little more than five thousand years have passed since the creation of the universe." (http://creationontheweb.com/content/view/236/#r4)

2. Deus criou em seis dias:
"Here the error of those is manifestly refuted, who maintain that the world was made in a moment. For it is too violent a cavil to contend that Moses distributes the work which God perfected at once into six days, for the mere purpose of conveying instruction. Let us rather conclude that God himself took the space of six days, for the purpose of accommodating his works to the capacity of men. (http://creationontheweb.com/content/view/236/#r5)

3. Adão e Eva são figuras históricas, e não alegóricas:
"[Moses] distinguishes between our first parents and the rest of mankind, because God had brought them into life by a singular method, whereas others had sprung from previous stock, and had been born of parents." (http://creationontheweb.com/content/view/236/#r11)

O que Calvino disse sobre a criação, a origem do pecado e o dilúvio pode ser visto neste site. O mesmo pode ser dito de Basil e de qualquer outro líder cristão durante os primeiros 19 séculos do cristianismo.

Aliás, Basil disse uma coisa que deveria fazer pensar todos aqueles que se chamam de "cristãos" mas estão debaixo do feitiço darwinista:

‘Avoid the nonsense of those arrogant philosophers who do not blush to liken their soul to that of a dog; who say that they have been formerly themselves women, shrubs, fish. Have they ever been fish? I do not know; but I do not fear to affirm that in their writings they show less sense than fish.’ (Homily VIII:2)

Impressionante como as palavras de Basil continuam tão actuais, principalmente se levarmos em conta o que a teoria da evolução diz sobre o imaginado passado aquático do homem.

Seguidamente o Miguel oferece-nos uma citação de Santo Agostinho:

(...) Em Santo Agostinho encontramos algo como
«Contudo, é demasiado vergonhoso e ruinoso, e deve ser grandemente evitado, que ele [o não-Cristão] ouça um Cristão falar de tal forma idiota sobre estas matérias, como se estivessem de acordo com as escrituras Cristãs, que mal possa conter o riso quando viu como estão totalmente errados.»
O Miguel não disse quais eram as matérias que Agostinho tinha em mente, mas podemos estar certos de uma coisa: Agostinho, tal como a maioria da igreja cristã, não acreditava que o universo e a biosfera eram o resultado de forças aleatórias, mas sim o resultado de Design Inteligente. Agostinho afirmou ainda:
"They [pagans] are deceived, too, by those highly mendacious documents which profess to give the history of [man as] many thousands of years, though reckoning by the sacred writings we find that not 6,000 years have yet passed" (The City of God 12:10 - [A.D. 419]).
Não só a igreja cristã recusava-se a aceitar mitos ateus de que o universo tinha muitos milhares de anos, como também afirmava essencialmente aquilo que os criacionistas mordernos afirmam. Longe de ser uma interpretação "nova" ou "desconhecida", a interpretação criacionista do Livro de Génesis é a interpretação que a igreja cristã sempre teve como a oficial. A posição que o Miguel defende é que a novidade.
Por exemplo, publiquei neste blog um post sobre Adão e Eva que exprime, segundo uma leitura exegética, o tipo de interpretação correcta, de acordo com a Tradição e não criacionista.
Como se pode ver pelas referências e citações fornecidas em cima, a interpretação correcta é a interpretação que a igreja sempre teve. O Miguel é que está fora da história cristã.

4 comentários:

Não é só a ciência que evolui mas a teologia também:

Calvino também foi um forte opositor do geocentrismo por ser contrário às escrituras.


Lutero julgava que as idéias de Copérnico eram idéias de louco, que tornavam confusa a astronomia.

Melancton, companheiro de Lutero, declarava que tal sistema era fantasmagoria e significava a rebordosa das ciências.

Kepler (1571-1530), astrônomo protestante contemporâneo de Galileu, teve que deixar sua terra, o Wurttemberg, por causa de suas idéias copernicanas.

Em 1659, o Superintendente Geral de Wittemberg, Calovius, proclamava altamente que a razão se deve calar quando a Escritura falou; verificava com prazer que os teólogos protestantes, até o último, rejeitavam a teoria de que a Terra se move.

Em 1662, a Faculdade de Teologia protestante da Universidade de Estrasburgo afirmou estar o sistema de Copérnico em contradição com a S. Escritura.

Em 1679, a Faculdade de Teologia protestante de Upsala (Suécia) condenou Nils Celsius por ter defendido o sistema de Copérnicus.

Ainda no século XVIII, a oposição luterana contra o sistema de Copérnicus era forte: em 1774 o pastor Kohlreiff, de Ratzeburg, pregava energicamente que `a teoria do heliocentrismo era abominável invenção do diabo`.

SOusa,

Mais uma vez confundes aquilo que se pode observar com aquilo que se imagina que aconteceu no passado. Nós podemos observar que o sól não navega à volta da Terra, mas não podemos observar um dinossauro a transformar-se num passarinho.

Mas o ponto principal do post é mostrar que a posição criacionisa está de acordo com a história cristã.

«não podemos observar um dinossauro a transformar-se num passarinho.»:')

Se ao menos a teoria da evolução fosse tão fácil como o segundo princípio da termodinâmica, não é Matinho?

Se ao menos a teoria da evolução fosse tão fácil como o segundo princípio da termodinâmica, não é Matinho?
É mesmo. Ateoria da evolução sofre de um problema grave: aqueles que não acreditam nela nunca entendem o que ela diz. Aqueles que acreditam nela, então entendem.

Enviar um comentário

Os 10 mandamentos do comentador responsável:
1. Não serás excessivamente longo.
2. Não dirás falso testemunho.
3. Não comentarás sem deixar o teu nome.
4. Não blasfemarás porque certamente o editor do blogue não terá por inocente quem blasfemar contra o seu Deus.
5. Não te desviarás do assunto.
6. Não responderás só com links.
7. Não usarás de linguagem profana e grosseira.
8. Não serás demasiado curioso.
9. Não alegarás o que não podes evidenciar.
10. Não escreverás só em maiúsculas.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Share

Twitter Delicious Facebook Digg Stumbleupon Favorites More