domingo, maio 02, 2010

Ateu: "O Estado Não Deve Favorecer as Religiões.....Excepto a Minha"

A eminente visita do líder católico (Bento XVI) a Portugal e a consequente "folga" que muitos vão receber está a causar alguma azia entre a comunidade ateísta. Demonstrações públicas de religiosidade costumam deixar os ateus furiosos.O queixume oficial é o de que "o Estado conceda benesses a religiões ou a crenças infundadas em geral". Claro que quem define que essas crenças são infundadas é o ateu. Para os católicos não são infundadas. Para eles faz todo o sentido ajustar o funcionamento normal da cidade de Lisboa de modo a permitir que os católicos possam ver o seu líder. O ateu não gosta disto.

Vivemos num país de maioria católica e como tal temos que aceitar as escolhas razoáveis dos católicos. Se eu fosse viver para a Arábia Saudita já sabia que havia coisas que eu teria que aceitar (chamadas para rezas 5 vezes por dia, notícias jornalísticas que começam com "Bismillah..." e outras coisas mais). Da mesma forma, o ateu tem que aceitar que vivemos num país católico e que não há nada de mal quando Estado permite que o maior número de católicos esteja disponível para uma visita do seu representante.

Ninguém está a obrigar o ateu a ir ver Bento XVI. Ninguém lhe força a assistir os seus cultos religiosos. Para quê o fundamentalismo ateu? Se não gosta disso, fique em casa ou mude de canal.

Se eu vir que o que os católicos fazem está a interferir directamente na minha vida, posso sempre sair do país. O ateu também. A Coreia do Norte parece-me ser mais em conta para o ateu. Ou a China.

A verdade é que o ateu não aceita qualquer legitimação do cristianismo. Isso ofende-o e revolta-o, mas como ele não pode deixar de usar a mascara da racionalidade, ele esconde-se por trás da "laicidade do Estado".

Não existe neutralidade e quem pensa o contrário ou está a enganar-se a si mesmo ou está a tentar enganar. O Estado ou é contra ou é a favor. Nunca vai ser "neutro".

O ateu Ludwig afirma ainda que "o Estado deve guiar-se por dados concretos e não por crendices, rejeitando aquilo para o qual não há evidências" e que "gastar dinheiro dos serviços públicos contratando padres para hospitais e escolas, é ainda pior porque implica um erro objectivo e não apenas uma questão de gosto".

Obviamente que isto é vago. Quem é que decide o que são "dados concretos"? Quem é que determina o que é uma "crendice" e como determinar que "não há evidências"? Para os católicos há evidências. Se a maioria da população portuguesa se identifica com o catolicismo, e se o Estado existe para servir a população, qual é o mal em facilitar os acesso dos católicos ao Bento XVI?

Claro que o problema não é com o Bento XVI nem é com a população portuguesa. O problema é com o ateu e a sua intolerância religiosa:

Na próxima semana muitos vão ter folga, atravancar o trânsito e gastar dinheiro público porque decidiram ter fé no Joseph Ratzinger. E decidiram isto porque estão convencidos que há um deus (Ênfase adicionado)
Ora aí está o verdadeiro motivo do queixume: Deus. Não há problemas em "atravancar o trânsito e gastar dinheiro público". O problema é quem recebe esse dinheiro público*.

Se esse dinheiro fosse usado para a promoção de ideologias ateístas como a teoria da evolução (para a qual não há nenhum evidência científica), o aborto, o feminismo ou para a distribuição de preservativos entre crianças, já não haveria problemas. Mas agora, se for para algo remotamente parecido com o Catolicismo, e num país de maioria então católica, então "o Estado deve guiar-se por dados concretos e não por crendices, rejeitando aquilo para o qual não há evidências".

Pois.

Isto parece-me ser mais um caso de....


* Curiosamente, a maior parte desse dinheiro público vem dos bolsos da maioria católica de Portugal. Portanto, os católicos suportam o Estado mas não tem o direito de ter um ou mais dias de folga para ver o seu líder. Isto num país católico.

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