domingo, maio 24, 2009

Pode um cristão fazer tatuagens?

A questão das tatuagens, juntamente com a questão do aborto e da homosexualidade, é uma das que gerou mais polémica no encontro que se realizou ontem, na igreja de Algés.

A questão das tatuagens é pertinente porque a sociedade em si não vê problemas nenhuns em colocar marcas em certas áreas do corpo como forma de fazer passar uma certa filosofia de vida.

Tendo em conta esta atitude complacente da sociedade actual, o que é que o cristão deve fazer? Será que devêmos ser "fundamentalistas" e negar toda e qualquer expressão artística que envolva a gravação de imagens ou palavras no corpo? Ou será que devêmos ser mais "liberais" neste ponto, como forma de mostrarmos que os cristãos são "pessoas normais"?

A meu vêr todas as decisões morais que o cristão pense em tomar devem começar na Palavra Daquele que sabe tudo (o Senhor Jesus Cristo), e não nas opiniões dos homens falíveis.

O que é que Deus diz acerca disto?

Não fareis lacerações na vossa carne pelos mortos; nem no vosso corpo imprimireis qualquer marca. Eu sou o Senhor. (Levítico 19:28)

Muitas vezes Deus alerta-nos para comportamentos que em si não são maus mas que podem causar o desvio dos fracos na fé (ou causar confusão àqueles que não conhecem a Cristo). Por exemplo, o Apóstolo Paulo diz

Pelo que, se a comida fizer tropeçar a meu irmão, nunca mais comerei carne, para não servir de tropeço a meu irmão. (1 Cor 8:13)


Não há nada de mal em comer carne, mas se tal comportamento levar a que um irmão esmoreça na fé, o Apóstolo Paulo diz que não comerá a carne. O princípio aqui é o de que há actividades que em si não são pecado mas que podem ser formas que o homem use para se afastar de Deus.

A práctica de marcar o corpo está Biblicamente e historicamente associada à prácticas pagãs e à adoração de deuses alheios. Deus proibiu o Seu Povo de seguir o erro dos pagãos como forma de separá-los das nações (Lev 19:28). Hoje em dia o motivo da marcação do corpo não é o de adoração de deuses alheios (embora em certos casos, haja algo de idólatra nessa práctica) mas sim o suposto "embelezamento" do mesmo. No entanto, a Palavra de Deus diz:

Abstende-vos de toda espécie [aparência] de mal. (1 Tessalonicenses 5:22)

Reparem que neste verso, Deus manda que não só nós nos separemos do mal, mas também de tudo o que aparenta o mal.

Por exemplo, imaginem um casal de namorados cristãos que acredita e practica a abstinência, mas que tem por hábito passar a noite na casa de um ou de outro. Embora eles possam não fazer nada de mal, para as pessoas que os vêem a agir deste modo vai ser difícil fazer-lhes vêr que, apesar do que aparenta, o casal cristão practica o superior comportamento da abstinência. O que aparenta vai ser a causa de confusão e não o que está de facto a ser feito.

O mesmo se passa com as tatuagens. O que aparenta vai falar mais alto do que aquilo que o cristão verdadeiramente acredita.

Conclusão:
A meu vêr, o comportamento bíblico no caso das tatuagens é o de rejeitá-las a todas por completo, mesmo que uma delas seja "Deus é Amor". O descrente não vai olhar para isso como uma declaração de amor pelO Pai, mas sim como uma evidência de que "não há nada de mal em marcar o corpo com coisas de que se acredita".

Nós sabemos que isso não é verdade, e como tal, para que o nosso comportamento não seja pedra de tropeço para almas pelas quais o Senhor Jesus Cristo morreu, o melhor é deixar o corpo vazio de tatuagens.

Uma tatuagem é uma declaração de algo em que se acredita, sendo que a maioria delas é feita com o expresso propósito de exibi-las. Se o cristão quer declarar ao mundo que ele ama o Criador, o melhor é colocar marcas no seu espírito e exibir essas "marcas" com o seu comportamento.

E não vos conformeis a este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus. (Romanos 12:2)

8 comentários:

Esta é questão que não tenho partido.
Quero ser o mais sincero diante de Deus e dos homens e neste momento não tenho posição.

Porém atenta no seguinte e pensa comigo:

o versículo de Levítico que citaste é precedido por este: Não cortareis o cabelo, arredondando os cantos da vossa cabeça, nem danificareis as extremidades da tua barba. Por certo que cortas a barba! A minha pergunta é: porquê uma parte do texto e outra não?

Considerar uma tatuagem como aparência de mal é dúbio...depende dos contextos épocas e culturas, tal como muitas outras coisas (a música rock, certas peças de roupa, etc)

Não é o que aparenta que fala mais alto, se for, algo está mal, o próprio Jesus disse para não se julgar segundo a aparência, mas sim segundo a recta justiça. O que fala mais alto são as obras.

Repara não quero colocar as tuas ideias em cheque, só quero que penses amplamente.
O meu problema neste momento é que não vejo a Bíblia a defender necessariamente o que dizes, parecem-me interpretações forçadas entendes?
Para mim a questão é a ofensa que se faz ao corpo enquanto templo do Espírito Santo, até que ponto se pode ir...

Um cristão não pode, então, fazer qualquer laceração ou marca, mesmo que temporária. Seja pinturas, maquilhagem, desenhos de carnaval, maquilhagem profissional. Isto é fundamentalismo. Não tenho nada contra. Apenas que há quem siga as escrituras de forma fundamentalista não permitindo qualquer fuga e há quem aproveite uma brecha para se tatuar.

Não... isto não é fundamentalismo... é uma interpretação da Bíblia feita com uma série de preconceitos. É algo terrível quando as pessoas põem na boca de Deus palavra que Ele não disse (escreveu, proferiu ou inspirou alguém a escrever). Senão, vejamos:

Partindo do príncipio de que a Bíblia teve de facto inspiração divina e que o que lá vem escrito é verdade teriamos de fazer muitas coisa para sermos bons cristão. Entre elas apedrejar os adulteros, não consumir determinados alimentos em determinados dias, etc. Mas claro que custa um pouco considerar tudo verdade quando no mesmo livro se diz oara dar a outra face e olho por olho dente por dente, para além de outras tantas inconcistências e contradições.

Mas mesmo ignorando tudo isto os argumento acima descritos são falaciosos.

"E não vos conformeis a este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus."

Acho que é um excelente conselho mas nada tem contra as tatuagens. Tanto que eu que não tenho tatuagens reflicto aqui sobre o que foi dito sem qualquer interesse para mim senão seguir exactamente este conselho.

"Abstende-vos de toda espécie [aparência] de mal."

Onde se lê espécie de mal deve ler espécie de mal e não aparência senão Deus teria ditado espécie e aparência de mal. O parêntesis é uma interpretação (como aliás o é em grande medida uma tradução...).

"Pelo que, se a comida fizer tropeçar a meu irmão, nunca mais comerei carne, para não servir de tropeço a meu irmão."

Pois claro, eu creio perceber o espírito da coisa... mas os apóstolos eram homens e falharam muitas vezes (a Biblia o diz). Em primeiro lugar as tatuagens em si não são coisas más nem fazem mal a ninguém (se forem feitas em condições de higiene e segurança). Não inspiram por si sós maldade. Associar maldade a desenhos na pele é um preconceito muito infeliz. Logo não há nem aparência nem desviar do caminho com as tatuagens. A não ser que por algum motivo se decida, no ar, que elas são más e se proiba alguém de as fazer.

mais depressa deixaria de comer carne do que probiria alguém de se tatuar. Mais a mais, levando a coisa ao extremo, há certos pecado que foram considerados mortais (creio que por santo Agostinho e que porque mortificam o espírito). Se deixassemos de comer porque o nosso irmão tem tendencia para a gula, se deixassemos de ter relações sexuais e de procriar porque o nosso irmão tem tendencia para a luxúria (etc.) morriamos todos e não ficava cá ninguém. A humanidade desapareceria.

"Não fareis lacerações na vossa carne pelos mortos; nem no vosso corpo imprimireis qualquer marca. Eu sou o Senhor."

Ora diz ali "pelos mortos" e o ";" significa que o que se segue é relativo à ideia anterior. Assim não devemos imprimir ou lacerar pelos mortos, como ritual funebre ou qualquer coisa assim. Não significa que não o façamos se nos apetecer. Não imagino porque é que há de apatecer a alguém, mas respeito a sua liberdade. Para além disso, esta ordem de Deus, fazia sentido numa época em que tais comportamentos poderiam levar a infecções e à morte (tal como muitas outras coisa mandadas fazer na Bíblia. Porque pensam que os muçulmanos cuja religiam teve origem em países muito quentes, não comem carne de porco?).

Os seus argumentos são falaciosos, e a sua interpretação da Bíblia é perigosa e leva pessoas ao sofrimento. Procure ser feliz e deixar os outros felizes. Depois releia a Bíblia com os olhos de alguém feliz e sem medo de morrer, que aceita o sofrimento como algo que também tem uma dimensão positiva na vida porque lhe permite aprender e apreciar melhor os momentos em que não sofre.

Este comentário foi removido pelo autor.
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Links interessantes, chama a atenção para o que é dito sobre como a Bíblia é mal usada e mal interpretada:

http://www.youtube.com/watch?v=04AVRslVRbY&feature
http://www.youtube.com/watch?v=HNT-4rfSlUo&NR=1

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