[O artigo foi feito por um cristão que acredita no "big bang". Embora eu concorde com quase tudo o que ele escreveu, discordo com a crença no "big bang"]
(escrito por Kenneth Richard Samples)
O influente matemático-filósofo Bertrand Russell afirmou a dada altura "Estou tão firmemente convicto que as religiãos causam o mal tal como estou convicto que elas estão erradas." No seu popular e controverso trabalho intitulado "Why I Am Not a Christian", Russell acusou o cristianismo, em particular, de ser um opositor ao progresso intelectual, e especialmente um opositor ao progresso científico.1
Desde o tempo de Russell outros proponentes da visão naturalista do mundo fizeram eco das suas palavras, afirmando que o Cristianismo é incompatível - e mesmo hostil - às descobertas científicas.
De facto, através dos tempos, tem havido conflito entre certas teorias científicas e o Cristianismo. Esse conflito, no entanto, tem sido exagerado, e a influência positiva do Cristianismo ao progresso científico raramente é reconhecida.2
Eu gostaria de mudar as coisas ao afirmar a compatibilidade do Cristianismo com a ciência, e a incompatibilidade da mesma com o naturalismo.
(1) O clima intelectual que deu origem à ciência moderna (aproximadamente há cerca de 3 séculos atrás) foi decididamente moldado pelo Cristianismo.3 Não só os fundadores da ciência eram Cristãos devotos (Copérnico, Kepler, Galileu, Newton, Boyle, and Pascal),4 mas a visão do mundo Cristã providenciou a base sobre a qual a ciência moderna pôde emergir e florescer. O teismo Cristão afirmava que Um Infinito, Pessoal, e Eterno Deus tinha criado o mundo "ex-nihilo". A criação, reflectindo a Natureza Racional do Criador, era portanto ordenada e uniforme. Para além disso, a Humanidade tinha sido especialmente criada à Imagem de Deus (Gen 1:26-27), e desde logo, capaz de pensamento racional e capaz de descobrir a inteligibilidade da organização que existe na Criação. A visão do mundo cristã suportou os princípios baśicos que fizeram a pesquisa científica possível e desejável,
O eminente historiador e filósofo da ciência Stanley Jaki afirmou que a ciência estava "stillborn" [isto é, "morto à nascença", sem efeito, paralizada, etc] nas outras grandes civilizações fora da Europa devido as ideias que limitavam o desenvolvimento científico. Essas ideias eram, nomeadamente, uma visão cíclica do tempo [e não uma visão linear como na visão Judaico-Cristã], uma visão astrológica dos céus, visões metafísicas que ou deificavam a natureza (animismo), ou negavam a natureza (idealismo).5
(2) Os princípios básicos do método científico (testabilidade, verifição/falsificação) procedem das Escrituras Judaico-Cristãs. O método experimental foi claramente nutrido pela doutrina Cristã.6 Uma vez que os Cristãos que fundaram a ciência moderna acreditavam que os "céus declaram a Glória de Deus" (Salmo 19: 1), eles possuiam o incentivo espiritual para corajosamente explorararem os mistérios da natureza, e o enquadramento conceptual para o mesmo.
De acordo com o teísmo Cristão, Deus manifestou-se de duas maneiras dinâmicas: através da Revelação Especial (as acções redemptoras descritas na Bíblia - "O Livro de Deus"), e através da revelação geral (as acções criativas perceptíveis na natureza - "O Mundo de Deus"). Os cientistas Puritanos na Inglaterra e na América viam o estudo da ciência como uma tentiva sagrada de "pensar os Pensamentos de Deus após Ele."7
Sendo verdade que os Cristãos têm muito que crescer em termos das virtudes do discernimento, reflexão e análise vigorosa, a Literatura da Sabedoria no Velho Testamento de uma forma consistente exorta o Povo de Deus a exercitá-las. O Novo Testamento ensina a mesma mensagem (Col. 2:8; 1 Tess. 5:2 ; 1 Jo. 4: 1). Estes princípios serviram de pano de fundo para o emergente método experimental.
(3) Algumas das presuposições filosóficas fundamentais para o estudo da ciência são:
1. A existência objectiva de um mundo real
2. A inteligibilidade desse mesmo mundo
3. A fiabilidade da percepção sensorial e da racionalidade humana
4. A organização e a uniformidade da natureza
5. A validade da matemática e da lógica.8
Estas precondições necessárias para a ciência estão enraizadas na crença Cristã na existência de Um Deus Criador Infinito, Pessoal e Eterno, que ordenou o universo e deu ao homem uma mente que corresponde com a inteligibilidade do universo.
Esta padrão organizacional Cristão serviu como fundamento intelectual para a ciência moderna. Este padrão sustentou a ciência e possibilitou que ela florescesse.
E o naturalismo? Como é que ele se compara? Será que ele explica ou providencia um solo fértil para o nascimento e crescimento da ciência?
Consideremos como é que um naturalista responderia as seguintes questões: Como é que um mundo que é o resultado de um processo cego e sem propósito justifica as condições cruciais que fazem a actividade científica possível? Se o mundo é o resultado de um processo não-inteligente, não-planeado, como é que o naturalismo justifica o método indutivo, as presuposições àcerca da uniformidade da natureza, a existência de entidades não-empíricas e abstratas como números, as proposições e as leis da lógica?De acordo com o naturalismo, não é a mente humana um acidente numa série de muitos acidentes?9 Se isso é verdade, como é que podemos saber se ele nos conduz à verdade? Como é que um conceito como a verdade pode ser concebido?
O [falecido] filósofo Cristão Greg L. Bahnsen afirmava que, não só o naturalismo peca por não justificar as suas presuposições, mas que os naturalistas de forma ilegítima baseam os seus esforços científicos em pressopusições Cristãs. Os naturalistas "emprestam" pressopusições ao Cristianismo.
Consideremos esta observação do famoso e popular Físico Paul Davies:
"As pessoas aceitam como um facto que o mundo físico é ao mesmo tempo ordenado e inteligível. A ordem fundamental da natureza - as leis da Física - é aceite como um dado adquirido. Ninguém pergunta de onde é que as leis da Física vieram; pelo menos eles não o fazem na companhia de pessoas educadas. No entanto, até o mais ateu de todos os cientistas aceita como um acto de fé que o universo não é absurdo, isto é, que há uma base racional para a existência física. Essa base racional manifestou-se a nós de uma forma fundamentada em leis, e essas leis são compreensíveis ao ser humano.
Portanto a ciência só pode prosseguir se o cientista essencialmente adoptar uma visão teológica do mundo."10
Podemos perguntar se a ciência teria aparecido se a visão do mundo dominante na altura fosse o naturalismo ou o materialismo. Teria o naturalismo sido capaz de suportar a actividade científica que o teismo Cristão gerou?
O eminente filósofo Cristão Alvin Plantinga dá a sua opinião:
"A ciência moderna foi concebida, gerada e floresceu dentro da matriz do teísmo Cristão. A meu vêr, só doses livres de auto-decepção e pensamento dúbio é que permitiriam que a ciência florescesse dentro do contexo do naturalismo Darwinista."11
(4) As presentemente dominantes noções científicas do big bang e a emergente noção do princípio antrópico aparentam ser unicamente compatíveis com o teismo Cristão. Como o universo teve um início singular, nós temos razões lógicas para perguntar sobre a sua causa .
A pergunta clássica de Gottfried Leibniz, "Porque é que existe alguma coisa no lugar de nada?" parece ainda mais provocadora à luz do que sabemos presentemente àcerca do universo big bang.
Será mais lógico acreditar que o universo veio a existir a partir do nada, e sem Criador, ou será mais lógico acreditar no que diz a Bíblia "No princípio criou Deus os céus e a Terra"?
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Referencias:
1. | Bertrand Russell, Why I Am Not A Christian (New York: Simon & Schuster, 1957), pp. vi, 22-26. |
2. | See Charles E. Hummel, The Galileo Connection (Downers Grove, IL.: InterVarsity Press, 1986). |
3. | See Stanley Jaki, Science and Creation: From Eternal Cycles to an Oscillating Universe (Scottish Academic Press, 1974); R. Hooykaas, Religion and the Rise of Modern Science (Grand Rapids: Eerdmans Publishing Company, 1972); and Eric V. Snow, "Christianity: A Cause of Modern Science?", August 4, 1998, http://www.geocities.com. |
4. | See Charles E. Hummel, The Galileo Connection. While Newton was a serious student of the Bible, serious questions have been raised about whether his theological views were thoroughly orthodox. |
5. | Stanley Jaki, Science and Creation. |
6. | Kenneth L.Woodward,"How the Heavens Go,"' Newsweek, July 20, 1998, p. 52. |
7. | See Charles Hummel, p. 162. |
8. | See Charles Hummel, pp. 158-9. For a more detailed discussion of the philosophical presuppositions of science, see J. P. Moreland, ed., The Creation Hypothesis (Downers Grove, IL.: InterVarsity Press, 1994), p. 17. |
9. | Richard Taylor, Metaphysics, 4th ed. (Englewood Cliffs, NJ.: Prentice Hall, 1992), pp. 110-12. |
10. | As cited in Michael Bumbulis, "Christianity and the Birth of Science," August 4, 1998, p. 21, http://www.best.com. |
11. | Alvin Plantinga, "Darwin, Mind and Meaning", November 17, 1997, p. 8, http:Hid-www.ucsb.edu. |
Kenneth Samples serves as RTB's Vice President of Philosophy/Theology.
Copyright Reasons To Believe, 1998.
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