Ontem á noite, no Auditório da Biblioteca Municipal de Oeiras, realizou-se o debate intitulado “Evolucionismo vs Criacionismo”.
Do lado evolucionista estava o Ludwig Krippahl, da Faculdade Ciências e Tecnologia – Universidade Nova de Lisboa, e do lado cracionista estava o Jónatas Machado, da Faculdade de Direito – Universidade de Coimbra.
Para grande constrangimento do Ludwig, o que convém ressalvar do título do debate é que as pessoas que o fizeram já se aperceberam que este debate é mesmo uma guerra de ideologias, e não uma guerra entre a “ciência” e a “religião”. Digo “constrangimento” porque uma das primeiras coisas que o Ludwig tentou fazer, quando chegou a sua vêz de falar, foi remover o “ismo” de evolução e acrescentar “teoria da”. O propósito disto é dar um ar mais científico ao evolucionismo, e contrapô-la com a “subjectividade” do criacionismo.
É importante manter o “ismo” na evolução porque isso é uma forma de as pessoas verem que, longe de ser uma dedução imparcial dos factos e das observções, o evolucionismo é uma ideologia que se tenta validar com uma interpretação específica dos factos.
Devo dizer, antes de comentar alguns pontos, que o debate não foi moderado da melhor forma. Primeiramente, algumas das pessoas que fizeram perguntas aos adversários de debate demoraram quase 5 minutos para fazer uma simples pergunta. Alguns nem sequer faziam perguntas mas faziam declarações. Tudo estaria “bem” desde que fosse feito em pouco tempo. Pegar no microfone e começar a filosofar sobre o lugar do homem no universo, ou neste ou naquele professor que disse que o criacionismo é um absurdo, não serve de evidência contra ou a favor de nenhuma das posições que estavam a ser debatidas.
Outra coisa que deu para vêr neste debate é a total falta de conhecimento do que o criacionismo Bíblico defende. Algumas pessoas, tal como a pessoa que estava ao meu lado direito, não se fartavam de rir em tom condescendente sempre que o Jónatas dizia que Deus fêz isto ou fêz aquilo. Para algumas pessoas, dizer que Deus intervém no mundo material está completamente fora de questão.
A ignorância em relação à Bíblia chegou a ser hilariante quando um jovem pegou no microfone e falou nos “4 salmos”. Ele depressa corrigiu-se mas não deixou de ser sintomático da total falta de conhecimento dos rudimentos da fé cristã. Suponho que após quase 20 anos a estudar em escolas evolucionistas, não podemos esperar outra coisa.
Em relação ao debate em si, acho que, devido ao que foi dito em cima (pessoas que levavam tempo a fazer perguntas, pessoas que falavam de assuntros irrelevantes, a má moderação do moderador, o tempo excessivo nas respostas, especialmente no caso do Jónatas) acho que o debate poderia ter sido muito melhor para a causa cristã.
A ideia com que fico é que o Ludwig esteve melhor em passar a sua visão do que o Jónatas. Embora tudo aquilo que o Jónatas disse está certo, e o que o Ludwig está essencialmente errado nos pontos fulcrais, acho que as pessoas apreenderam melhor o que o Ludwig acredita.
O Jónatas respondeu as perguntas que teve hipótese de responder mas em alguns casos deu informação a mais. O Jónatas levou muito tempo a responder algumas coisas e isso de certeza que fêz algumas pessoas não apanharem o cerne do seu ponto.
A seu favor está o facto de ele ter dito vezes sem conta que a informação presente nas formas de vida é uma evidência forte para Deus. Isto foi um bom ponto a seu favor.
Outra coisa que falhou no debate é que houve muitas perguntas que o Ludwig e o Jónatas não puderam responder.
O Ludwig esteve bem a defender o seu caso, embora tenha negado que as formas de vida tenham informação. Ou seja, ele esteve bem e passar a mensagem do que ele acredita, embora o que ele acredita esteja errado. Além disso o Ludwig revelou-se uma pessoa muito simpática, afável e de fácil trato. Foi uma boa surpresa. Quem diria que haveria evolucionistas simpáticos?!! ;-)
Alguns pontos em relação ao que o Ludwig disse.
O Ludwig começou a defesa do evolucionismo a mostrar (ou a aludir) ao funcionamento da mecânica de Newton, que faz parte da ciência operacional, com o suposto funcionamento da teoria da evolução. Isto provavemente está na página 1 do manual dos evolucionistas. Como forma de confundir a questão, comparam o sucesso da ciência operacional, com a qual nenhum cientista criacionista discorda, com a metafísica darwinista.
Por diversas vezes no seu blog o Ludwig já foi aludido para este argumento falacioso, mas ele não se importa.
Seguidamente o Ludwig deu a definição mais abrangente não falsificável de evolução: herança + modificação. Isto também é standard dos evolucionistas. Eles oferecem a definição mais vaga possível de modo a não estar sujeito a falsificação.
O Marcos Sabino, que foi comigo ao debate, aludiu exactamente a este ponto na pergunta que ele fêz ao Ludwig. O Marcos essencialmente disse que a teoria de evolução, uma vez que acomoda cenários mutuamente exclusivos, não deixa espaço para uma alternativa. Por exemplo, a evolução aceita o incremento de informação genética como evidência, mas também acomoda a perda de informação como sendo um evento evolutivo. Ah, e se não houver perda ou acrescento de informação também é “evolução”.
Onde está a ciência nisto? Uma teoria que acomoda dois eventos mutuamente exclusivos não é ciência.
A definição do Ludwig foi oferecida exactamente com o propósito de ser o mais vaga possível para evitar a falsificação. Uma teoria científica é exactamente o oposto. Uma teoria científica corre riscos ao ser bem específica e exclusiva. A evolução, ao ser tão vaga, não corre riscos nenhuns.
Como também é standard na defesa do evolucionismo, o Ludwig tentou usar a medicina como uma área que pertence à evolução. Ele usou o exemplo clássico das bactérias que “ganham” resistência aos antibióticos. O problema é que a “resistência” que algumas bactérias “ganham” é devido a perda de informação genética, e não a aquisição de novas e previamente inexistentes instrucções genéticas. O facto de que bactérias com menos informação genética se tornam resistentes a um antibiótico específico não explica a origem da informação presente nas formas de vida.
O Ludwig também aludiu para a árvore da vida. Este ícone da evolução está a ser alvo de ataques até por outros evolucionistas. Obviamente que o facto de outros evolucionistas não aceitarem a árvore da vida proposta de Darwin não quer dizer que não seja verdade, mas quer dizer sim que aquilo que o Ludwig apresenta como um “facto” é apenas uma interpretação não-consensual entre os darwinistas.
É engraçado que o Ludwig primero tente usar a árvore de Darwin como fundamento para explicar o padrão da natureza, mas noutra parte do debate ele diga que há “grupos” de animais distintos e com caracteristicas equidistantes de outro grupo. O problema, claro está, é que se o padrão da vida biológica é o fluir de modificações sem limites, não deveria haver grupos. A existência de grupos (tipos) de animais na natureza é evidência para o Livro de Génesis e não para a evolução. Se a evolução fosse verdade, a natureza deveria estar uma confusão morfológica, biológica, e tudo o mais, uma vez que as formas de vida deveriam estar a mudar e a evoluir para outra coisa qualquer.
Dito de uma forma visual: se eu acredito que uma pessoa está em viagem e está a afastar-se do ponto de partida, então se eu fosse vêr o nome das cidades onde ela já andou, eu deveria vêr um padrão de nomes diferentes através do percurso. No entanto, se, ao vêr o nome das cidades, eu vejo as mesmas 4 ou 5 cidades,então a pessoa não está a ir a lado nenhum, mas provavelmente está a andar aos círculos.
Na natureza nós vêmos “arquétipos” ou “tipos básicos” e vêmos variações que radiam desse mesmo tipo. Não há evidência nenhuma para a progressão imaginada pelo evolucionismo.
O Ludwig tenta usar as semelhanças como evidência para evolução, mas ao mesmo tempo tenta usar as distâncias entre os grupos como evolução. Portanto, distinção é evidência para evolução, mas as semelhanças também são evidência! Mais uma vez, a teoria abrange todos os cenários.
O Ludwig aludiu a acumulação das mutações como o evento gerador das novidades biológicas que supostamente foram mantidas pela selecção natural, no caso de serem benéficas para o organismo. Isto está essencialmente certo, mas não da forma que o Ludwig tentou passar.
De facto mutações acontecem, e de facto as mutações que conferem vantagens ao organismo são mantidas pela selecção natural. O problema é que as mutaçoes são totalmente irrelevantes para a evolução uma vez que elas apenas eliminam ou recombinam instrucções que já existam.
As mutações não são evidência para a evolução.
Como as mutações, (na sua esmagadora maioria deleteriosas) ao nível da informação, estão a caminhar na direcção contrária a necessária para a evolução, é absolutamente ilógico elas serem usadas como evidência para um processo onde supostamente houve um incremento de informação genética.
Eu não posso ficar rico se perder 2 euros todos dias. A evolução não pode acontecer se eu estiver a perder informação genética.
O Ludwig disse que o criacionismo não explica os mecanismos. De certa forma, é verdade. O criacionismo não explica como é que Deus organizou as moléculas para além da Sua Palavra (Ele falou e as coisas aconteceram). No entanto, este ponto levantado pelo Ludwig não deixa de ser curioso, uma vez que não há nenhum mecanismo natural capaz de mudar um dinossauro numa áve, mas o Ludwig acredita que isso aconteceu.
A resposta do Ludwig seria do tipo “Ah, e tal, isso aconteceu em milhões de anos. Não foi de repente”.
Com isto o que é impossível no imedianto torna-se possível com mais tempo. Sim, o tempo tudo pode!
Porquê os dois pesos e as duas medidas?
Um dos pontos que mais demonstra a preeminência da ideologia naturalista acima das evidências científicas é a noção de que o código genético não tem informação. O Jónatas demonstrou claramente que o código está lá, e ele tem funções específicas na organização e desenvolvimento das formas de vida.
A pergunta põe-se: porque é que o Ludwig nega que o ADN seja um código de informação? O Ludwig nega isso porque o Ludwig sabe que sistemas de informação não se geram a si próprios, mas tem sempre uma causa inteligente. Como exemplo, tomemos o exemplo do código morse. Escreveu-se a si próprio? E o código binário? Ninguém diria que estes códigos se escreveram a si próprios, caso nós não soubessemos quem os fêz. No entanto, o código genético e incrivelmente mais complexo que qualquer código manufacturado.
O Ludwig, ciente das implicações, nega ideológicamente que o ADN seja um código, e afirma que a informação que supostamente existe no ADN é posta pela pessoa que o estuda.
Portanto, o Ludwig nega que o ADN seja um sistema de informação porque isso seria uma evidência poderosa a favor de Deus. Sendo ele um ateu, não pode aceitar esta implicação, e portanto perverte a ciência para manter a integridade ideológica. O Naturalismo fala mais alto que a ciência, pelos vistos.
O Ludwig afirmou que o criacionimo foi rejeitado porque não era útil.
Totalmente falso. O criacionismo foi rejeitado por motivos filosóficos e não por motivos científicos. Os fundadores da ciência moderna (Maxwell, Faraday, Blaise Pascal, Newton, Mendel, Copérnico, Lineus) eram todos homens que sabiam que o universo no seu todo, e a Biologia em particular, tinham uma Causa Sobrenatural. Essa posição ideológica não foi impedimento para o progresso da sua ciência.
À medida que a Europa se tornava mais secular, os cientistas tentaram desenvolver explicaçºoes que pusessem de parte qualquer intervenção Divina. Charles Lyell e James Hutton foram alguns dos homens que tentaram “livrar a ciência de Deus”.
Mas se vamos ser coerentes, a pergunta põe-se: qual é a utilidade da crença que diz que o mundo biológico é o resultado de milhões de mutações aleatórias? O que é que me interessa se o pássaro evoluiu de um dinossáuro? De que forma a ciência progride quando se “sabe” que a mão da minha irmã, a pata do gato dela e as asas dos morcegos tem uma origem natural comum? O que é que isso afecta a forma que eu vivo?
Se eu fosse cientista, e se eu acreditar que o morcego, o gato e a minha irmã foram criados por Deus, e não o resultado de erros genéticos filtrados pela selecção natural, faria ciência operacional de maneira diferente?
Resumindo, não há importância científica nenhuma na teoria da evolução. A sua necessidade é uma necessidade ideológica.
O Ludwig depois fêz um erro estranho. Ele afirmou que o ressurgimento moderno do criacionsmo se deve ao Discovery Institute (DI). O problema é que o DI não é um defensor do criacionismo Bíblico, mas da teoria do Intelligent Design (ID). Além disso, o ressurgimento moderno da ciência da criação está mais ligado ao livro “The Genesis Flood” de Henry Morris e John Whitcomb (1961).
O Ludwig disse também que tudo o que criacionismo faz é “atacar a ciência”, sem oferecer nenhum modelo operacional. Obviamente, o criacionismo não ataca a ciência. O criacionismo usa a ciência para refutar a teoria da evolução.
Em relação à falta de modelos no criacionsmo: isto também é falso. Existem vários modelos testáveis no que toca ao Dilúvio de Noé, em relação à dispersão dos povos a seguir ao evento da Torre de Babel, em relação à luz de estrelas que estão a milhões de anos de nós, etc..
Há várias questões e vários modelos explicativos dentro do criacionismo. O problema do Ludwig não é a inexistência de modelos, mas sim a pressopusição que o modelo criacionista tem (Deus). Para o Ludwig, qualquer modelo que use Deus como explicação do passado tem que ser falso, independentemente das evidências.
Conclusão:
Obviamente, não deu para se aludir a todos os pontos e nem deu para se fazer todas as perguntas, mas deu para vêr a forma como o evolucionismo é defendido pelo Ludwig, para além do que ele põe no seu blog “Ktreta”.
Volto a frisar que o debate foi mal moderado, Com o tempo disponível, o moderador deveria ter limitado as perguntas da audiência, e deveria ter limitado o tempo de resposta aos perguntados.
Fica a nota positiva da simpatia dos dois intervenientes, e o facto de o debate ter acontecido bem perto da minha casa. :-D (Deus é Bom!)
Espero que isto seja o princípio de muitos outros debates deste modo em Lisboa.
2 comentários:
Eu ia escrever um texto bemmm grande sobre a quantidade de baboseira que voce colocou ai no seu blog, mas não tenho mais saco pra explicar os detalhes do porque criacionismo não é teoria cientifica, vou simplesmente deixar uma frase para ver se faz algum efeito sobre seu cerebro "CRIADO".
“nenhuma verdade pode ser aceita ou admitida, ela deve ser construída e reconhecida” Vincenti (1994)
Podes escrever um texto pequeno, se te der jeito.
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