terça-feira, janeiro 13, 2009

Resposta ao Barros: Dawkins e a Moral

O Barros afirmou aqui coisas que eu gostaria de comentar.

“Isso é um argumento? Você poderia, da mesma forma, dizer que as pessoas variam em matéria de fedor, mas que nós só poderíamos fazer a comparação em referência a um máximo perfeito de fedor concebível. Portanto, tem que haver um notavelmente fedorento sem igual, e nós o chamamos de Deus. Ou substituir qualquer dimensão de comparação que você queira, e chegar à mesma conclusão tola.
O teu exemplo diz que só podemos comparar o fedor tendo como referência um fedorento sem igual. Mas isto não se aplica no que toca o Bem e o Mal uma vez que uma as razões pela qual só Deus é Qualificado para distinguir o Bem do Mal é a de que Ele é Infinitamente Bom.

No exemplo que deste a analogia mais realista seria se Deus fosse 100% Bem Cheiroso, e conhecedor de todos os cheiros possíveis e imaginários. Nesse caso, Ele poderia distinguir o fedor do não fedor e indicar o cheiro a atingir.

Do mesmo modo, como Deus sabe todos os comportamentos morais possíveis e imaginários, só Ele pode definir em termos absolutos o que é o Bem e o Mal. Para além da Sua Palavra, todas as outras opiniões são relativas.

Perceba que Dawkins — como você equivocadamente afirmou — não está avaliando se Aquino estava certo ou errado. Ele só estava mostrando que isso não é, de fato, um argumento, pois, afinal, por que só poderíamos comparar valores se admitirmos, primeiro, que TEM QUE HAVER algo que represente o MÁXIMO daquele valor em comparação?
Mas não é isto que eu digo, portanto a analogia falha por ser um falso dilema.

Pergunta-te uma coisa: no que toca à moral, Deus é o Máximo de quê exactamente?

Esse “tem que haver” fomos nós, seres humanos, que colocamos lá. A realidade não precisa desse “add-on”. É isso.
Então se não existe nenhuma referência absoluta para distinguir o bem do mal, isso significa que toda a moral é relativa. Isso quer dizer que em certas situações, torturar bébés pode ser moralmente aceite. Concordas? Ou será que torturar bébés é absolutamente errado? Se dizes que está absolutamente errado, tens que dizer o que é que o torna absoluto. Lembra-te que as opiniões humanas são relativas.

Esse é o ponto que eu tinha em mente.

Para vêres como o ateísmo não tem resposta para a moral absosluta, lembra-te do programa do Dawkins "The Root of All Evil". Qual foi a moral que ele usou para classificar de "evil" as religiões? Foi a sua própria moral ateísta.

A pergunta faz-se: quem é que disse que o mal e o bem é definido por aquilo que o Dawkins decide ser o mal e o bem? Quem é que decidiu que "as religiões" (seja lá o que isso fôr na boca do Dawkins) são "a raiz do mal"? Se Deus não existe, isso é apenas a opinião pessoal, subjectiva, relativa, provavelmente emotiva de um ser humano limitado. As opiniões de Dawkins são vinculativas só para ele.

O problema levanta-se quando começamos a classificar pessoas como o Hitler e Stalin de "maus". Qual é a moral que usamos para fazer isso? A nossa? Mas a nossa moral podem ser diferente da do Hitler e da do Stalin. Como é que decidimos quem tem razão? Existe alguma moral que transcende as culturas, as épocas, os costumes e as religiões? Se não existe, então o Hitler se calhar era moralmente justo. Pelo menos era o que ele pensava. Quem somos nós para o criticar, certo? Cada um com a sua moral. Uns gostam de sumo de laranja outros gostam de matar judeus. Quem somos nós para impôr a nossa moral a outras culturas, certo?

Ou não?

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