domingo, abril 10, 2011

Técnica: Marxistas mataram por influência de tudo, menos do ateísmo

Original do blogue "Quebrando o Encanto do Neo-Ateismo"

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Essa técnica geralmente é usada quando algum neo-ateu tenta responsabilizar a religião por todos os males da Terra, recebendo de volta a história dos crimes comunistas (que foram cometidos por ateus). Basicamente, a alegação dos neo ateus é que se líderes ateus mataram, o fizeram por influência de QUALQUER OUTRA COISA, menos ateísmo. Esse é o mantra do discurso neo-ateu. Isso ocorre porque se eles não conseguirem separar ateísmo e comunismo, então a propaganda “Ateus são tolerantes, ateus são racionais, ateus são pacíficos” e “Religião é responsável por todos os males” cai por água abaixo.

A apresentação formal do argumento será mais ou menos a que eu citei no último parágrafo: marxistas mataram, mas em nada o ateísmo tem relação com essas mortes.

A resposta para esse estratagema deve focar na TEORIA marxista (de forma ampla), que foi quem legitimou os atos genocidas cometidos por seus líderes e que está infectada de ateísmo e antirreligião do início ao fim.

Por exemplo: a idéia de que todos os atos revolucionários estão justificados, a priori, pois a moral não existe e antiga é “burguesa” depende do ateísmo DIRETAMENTE. Logicamente, a construção seria a seguinte:

  • (1) Deus não existe;
  • (2) Logo, uma moral objetiva não existe, sendo toda moral resultante de pressões sociobiológicas;
  • (3) Essa moral não é nada mais do que interesses da burguesia disfarçada para controlar o proletariado;
  • (4) Portanto, é preciso abolir a religião e a moral “antiga” para avançar na luta revolucionária;

Ou ainda:

  • (1) Deus não existe;
  • (2) Logo, uma moral objetiva não existe, sendo toda moral resultante de pressões sociobiológicas;
  • (3) A moral deve ser orientada de acordo com os bens sociais;
  • (4) O maior bem social é a revolução;
  • (5) Portanto, qualquer ato para alcançar um mundo socialmente melhor está justificado, mesmo que envolva assassinatos de outras pessoas e terrorismo (que eram proibidos por um resquício da moral burguesa antiga que queria manter o “status quo”);

É importante lembrar que os comunistas acreditavam na remodelação do ser humano para um “outro mundo possível” e isso passava pela RETIRADA da religião até da esfera privada (pois ao tentar relacionar o homem com Deus – que não existe – ela se transforma em um fator de “alienação”) para promover o materialismo, que está ligado diretamente ao ateísmo.

Há várias citações nesse sentido que comprovam a relação ateísmo e comunismo. Cito abaixo e depois respondo algumas dúvidas comum:

  • "Com efeito: Nos períodos em que o Estado político enquanto tal nasce violentamente da sociedade civil, quando a auto-emancipação humana aspira por realizar-se sob a forma da auto-emancipação política, o Estado pode e deve seguir em frente até à abolição da religião, até à aniquilação da religião, porém assim o faz apenas na medida em que avança até à supressão da propriedade privada, até ao máximo, até à confiscação, até ao imposto progressivo, tal como vai adiante até à supressão da vida, até à guilhotina." MARX, KARL HEINRICH. Zur Judenfrage (Sobre a Questão Judia)(Agosto – Dezembro de 1843), in : Marx und Engels Werk (Obra de Marx e Engels), Berlim : Dietz, Vol. 1, pp. 357, 367 e s.
  • “O maior e o pior erro que um marxista poderia cometer seria o de pensar que os muitos milhões de pessoas das massas populares – em particular, os camponeses e os artesãos –, condenadas por toda a sociedade contemporânea a permanecer no obscurantismo, na ignorância e em meio a preconceitos, possam sair dessa escuridão tão somente através da linha direta da cultura puramente marxista. A essas massas é necessário que se forneça o material mais variado relativo à propaganda ateísta, familiarizando-as com os fatos dos mais variegados domínios da vida, abordando-as, dessa ou daquela forma, a fim de dinamizar o seu interesse, despertando-as da letargia religiosa, sacundido-as sob os mais variados aspectos, por meio dos mais variados métodos etc. … LENIN, VLADIMIR ILITCH ULIANOV. O Znatchenii Voinstvuiuschevo Materializma (Sobre o Significado do Materialismo)(12 de Março de 1922), in: V. I. Lenin. Polnoe Sobranie Sotchinenii (Obras Completas), Moscou : GIPL, 1961, Vol. 45, pp. 23 e s.
  • “Eu tenho ódio a todos os deuses!” MARX, KARL HEINRICH, "Engels, marxisme", Paris. E. S. I, 1935.p.250.
  • “O homem é que faz a religião e a religião o homem”.
    MARX, KARL HEINRICH, “Der Mensch macht die Religion macht nicht den Menschen”, cf. G. M. M. Cottier, Marx in L’athèisme dans la philosophie contemporaine, Paris, Desclée, 1970.p.161.
  • A luta contra a religião implica a luta contra o mundo do qual a religião é o aroma espiritual”. MARX, KARL HEINRICH, “Der Kampf gegen die Religion ist also mittelbar der Kampf gegen jene Welt, deren geistigen Aroma die Religion est”. cf. G. M. M. Cottier, op. cit. p.162.
  • “Mais o homem coloca realidade em Deus e tanto menos resta de si mesmo”. MARX, KARL HEINRICH, “Je mehr der Mensch Gott setzt, je weniger behalt er in sich”. cf. G. M. M. Cottier, ibidem.p.159.
  • “O ateísmo é uma negação a Deus e por esta negação coloca a existência humana”. MARX, KARL HEINRICH, “… denn der Atheismus ist eine Negation des Gottes und setzt durch diese Negation das Dasein des Menschen…” cf. idem, ibidem. p. 185.
  • “O marxismo é o materialismo. Por este título ele é tão implacavelmente hostil à religião, quanto o materialismo dos enciclopedistas do século XVIII ou o materialismo de Feuerbach”. LENIN, VLADIMIR ILITCH ULIANOV, Marx, Engels, marxisme, op. cit.,p.250.
  • Devemos combater a religião. Isto é o a-b-c de todo o materialismo e, portanto, do marxismo”. LENIN, VLADIMIR ILITCH ULIANOV, Sur le rapport du parti ouvrier à la religion, Pss.vol.17.p.418.
  • Nossa propaganda compreende necessariamente a do ateísmo”. LENIN, VLADIMIR ILITCH ULIANOV, De la religion.p.8.
  • “A religião é uma espécie de mau vodka espiritual no qual os escravos do Capital afogam seu ser humano e suas reivindicações para com uma existência ainda pouco digna do homem”. LENIN, VLADIMIR ILITCH ULIANOV, Lénine, Sacialisme et Religion, cf. G. M. M. Cottier, op. cit. 225.
  • O comunismo começa onde começa o ateísmo
    MARX, Karl. Terceiro Manuscrito econômico e filosófico, XXXIX , V
  • A lei, a moral, a religião são preconceitos burgueses, atrás dos quais se ocultam outros tantos interesses burgueses.”
    MARX, Karl. Manifesto comunista, p. 36
  • “O comunismo, porém, abole as verdades eternas, abole a religião e a moralMARX, Karl. Manifesto comunista. p. 44
  • “O mundo material perceptível pelos sentidos, ao qual nós pertencemos, é a única realidadeENGELS, Friedrich. Estudos filosóficos, p. 27

Matéria do site do PSTU sobre Richard Dawkins:

    • “De qualquer forma, o ateísmo é um componente central do marxismo. É falsa a afirmação segundo a qual o marxismo pouco se importa com as religiões ou com a crença em Deus. Não há marxismo conciliável com a crença em entidades sobrenaturais. É claro que questões de tática e política não devem ser misturadas aleatoriamente com questões filosóficas: seria inútil pregar o ateísmo diante de uma assembléia de fanáticos de uma congregação evangélica, católica ou muçulmana.”

O ateísmo militante dos marxistas sendo posto em prática, conforme eu já havia postado nesse artigo:

“ZIL agora produz sinos de igreja, porque aí se encontra um grande negócio em expansão graças ao fato de que, entre 1917 e 1969, os ateus soviéticos destruíram 41.000 das 48.000 mil igrejas, incluindo A Catedral do Cristo Salvador, um marco de Moscou construído para comemorar a derrota da Invasão Napoleônica. Essa enorme destruição de artes e construções religiosas não foi nem política nem ideológica em sua natureza, foi [a própria idéia] “Deus, um Delírio” em ação, um argumento ateu material para a provar a inexistência de Deus:

Durante os período soviético, milhares de igrejas, conventos e monastérios por todo o país foram destruídos pelos Bolcheviques no seu objetivo de livrar a União Soviética da religião… Por todo o país, sinos eram jogados fora dos campanários e destruídos. A autora russa Inna Simonova chamou isso de “ateísmo agressivo” praticado pelos Bolcheviques para influenciar os russos. “Eles diziam “Veja, vocês acreditam em Deus, e mesmo assim nós jogamos todos esses sinos pelo telhado e nada acontece”, explica a Sra. Simonova… [1]

A evidência empírica simplesmente destrói Richard Dawkins novamente – ele não só está errado, como está ESPETACULARMENTE errado. No lugar dessas 41,000 igrejas destruídas entre 1917 e 1969 eu poderia simplesmente ter citado qualquer um dos milhares de exemplos históricos que temos na Espanha, na Polônia, na Romênia, na Alemanha Oriental para provar que não só vários ateus fizeram o que Dawkins acredita ser impossível, como destruição de prédios e monumentos históricos é muito mais comum de ser feito por ateus do que por todos os teístas de todas as religiões do mundo combinadas. [2] A menção de Dawkins dos “templos de Kyoto” é especialmente irônica [3], considerando o modo pelo qual ateus foram responsáveis por destruir 7,000 templos e monastérios no Tibete, 440 dos 500 templos budistas na Coréia do Norte e 240 dos 700 templos budistas no Vietnã. A única razão pelo qual Meca, York Minster ou Notre Dame ainda estão de pé é porque essas construções estão localizadas em nações nos quais ateus não conseguiram possuir o poder governamental por um longo período de tempo.”

[1] “Saved by the Church Bell.” Cox News Service. 25 Abril, 2004. A Comissão pela Reabilitação das Vítimas da Repressão Política reportou em 1995 um percentual parecido de construções de Judeus e Muçulmanos destruídas.

[2] “De acordo com o objetivo de recriar os estados proletários, assassinatos cruéis da intelligentsia e camponeses foram combinados com a subsistência de arquiteturas religiosas e nativas para recriar “a utopia das ruínas e problemas do passado”. Hayeem, Abe. “Destruction as Cultural Cleansing”: Building Design. 3 Fev. 2006.

[3] O governo da Província de Henan decretou que o santuário histórico de Nossa Senhora do Monte Carmelo será destruído com dinamite; um banimento total nas peregrinações católicas como um banimento local em qualquer reunião religiosa no local também foram decretadas.” AsiaNews. 21 Junhoe 2007

*****

Por mais que eles tentem esconder, os fatos são óbvios. Postas essas evidências, vamos lidar com algumas reclamações comuns sobre o assunto:

  • “A população era teísta, mesmo que a orientação oficial fosse o ateísmo”

Irrelevante. As ações genocidas partidam do GOVERNO, que era ateu, não da população. Aliás, é preciso ter muita cara de pau para culpar a população por ter sido EXTERMINADA, pois essa foi sua participação no processo (veja o Holodomor, por exemplo)…

  • “Há alguns autores que dizem que os comunistas eram religiosos escondidos”

Também é irrelevante. O que importa é que a legitimação dos genocídios estava baseado em um sistema de pensamento ateu. Como eu digo aqui: há dois tipos de criminosos. Um que mata e outro que cria a legitimação teórica para que ele faça isso. O segundo é tão culpado quanto o primeiro.

  • “Comunistas não eram ateus, pois o “Deus” dele é o Estado”;

Essa é a falácia do “Nenhum escocês de verdade”, cortesia do ateu (posteriormente convertido ao deísmo) Antonhy Flew. Nela, alguém diz: “Nenhum escocês gosta de açúcar no chá”. O interlocutor responde: “Mas Travis é escocês e gosta de açúcar no chá”, ao que responde a primeira pessoa responde: “Ah, mas esse não é um escocês de verdade”. Os fatos são: eles eram ateus, eram materialistas e eram anti-religiosos. Ateísmo é a apenas a crença na inexistência de um ser pessoal e transcendental, que chamamos de “Deus”. Se ele continuar com isso, pode acoplar qualquer coisa que continuará sendo ateu.

  • “Comunismo é uma espécie de religião, pois é um sistema organizado com líderes”;

Essa definição de religião é falsa. Religião é qualquer sistema que porponha RELIGAR o homem com Deus ou com algum princípio nesse sentido. O Comunismo não possui nada disso; é um sistema hierárquico sim, mas hierarquia se encontra em qualquer lugar; não é exclusividade de teístas, portanto a crítica não cabe.

O que tem que ficar claro é que uma pessoa NÃO precisa ser ateu ou teísta e fazer parte ou não de um grupo para propor medidas autoritárias contra um outro grupo de qual discorda. O autoritarismo é um problema do SER HUMANO. Vejamos um exemplo do que falo abaixo, retirado de um tópico no Orkut:

juri-psicologo

Está claro que sua ausência de crença na Bíblia é o motivo para ele dar essa sugestão (que é totalitária). E, nesse caso, foi uma manifestação de cunho INDIVIDUAL, não influenciada por ordens “de cima”.

  • “O problema não era o ateísmo, era o fundamentalismo”;

Eu nunca disse que a influência era SÓ do ateísmo. Mas o fato é que, nesse caso, o ateísmo e o materialismo é que VIABILIZARAM o que, para a maioria das pessoas, seria um radicalismo, pois a partir disso se deduziu que (a) não existe moral absoluta; (b) somente as forças materiais determinam a vida; (c) um grupo pode reformular essas forças, moldando o bem comum; (d) como não existe transcedência e moral objetiva, todos os atos para o bem comum estão justificados a priori, etc. Então, não podemos simplesmente excluir a influência do ateísmo na jogada tão precocemente.

  • “Ateísmo é apenas ausência de crença, portanto, não pode ser responsabilizado por nada”

Técnica pífia. Já refutada no blog do Luciano no post “Ninguém faria uma ação danosa pela ausência de fé”.

  • “Religião é irracionalidade e o homicídios comunistas eram cometidos irracionalmente; logo, os crimes marxistas são culpa da religião”

Mais uma balela já refutada no blog do Luciano, no post Genocídios da Rússia e China causados por irracionalidade. Em resumo, podemos dizer, primeiro, que a definição de religião como irracionalidade ou fanatismo é falsa; em segundo lugar, o fato é que eles estavam sendo bastante racionais ao agir dessa maneira de acordo com os próprios pressupostos. O que temos que discutir é se esses pressupostos são verdadeiros (como a não existência de uma moral objetiva), mas, aceitando isso, não há nada de irracional no que foi praticado pelos marxistas e sim uma continuidade lógica.

Conclusão

Essa truque é usado como mais uma estratégia de self-selling neo-ateu, pois seu objetivo é LIVRAR qualquer influência do ateísmo de crimes passados, para poder prometer “um mundo melhor” se todos forem ateus (que eles ressignificam como alguém “racional”, “tolerante”, etc, o que não passa de auto-ajuda). Obviamente, eles EDITAM a informação da influência do ateísmo nos crimes comunistas para a propaganda funcionar. A partir de agora não poderão mais fazer isso sem ser desmascarados.

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