domingo, novembro 16, 2008

Ciência, Evolucionismo e Colecção de Erros

O ateu Ludwig Kripahl respondeu aqui ao post que tinha sido feito em relação à demarcação da ciência.
O argumento que causou a resposta do Ludwig é o de que existe uma distincção entre a ciência que opera com factos observáveis, e a ciência que opera com eventos passados. O Ludwig não aceita que haja uma distinção entre as duas, e acha que os criacionistas cortam a "ciência às fatias"desnecessariamente, e/ou por motivos religiosos.
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O Ludwig começa por me citar:

«Chegamos a uma sala onde estão 4 pessoas. Uma delas tem uma arma na mão e 2 estão amarradas a uma cadeira, cada um na sua. Perto da janela aberta está uma pessoa morta. A ciência operacional, ao entrar em acção, haveria de observar exactamente isso (4 pessoas na sala, 2 delas amarradas, 1 com uma arma, e 1 morta). A ciência forense haveria de lançar hipóteses que melhor [explicassem] os factos.»(1)
Seguidamente ele comenta:
Ou seja, a “ciência operacional” tira apontamentos e a “ciência forense” especula sobre o que terá acontecido. Nem como caricatura tem piada. Reunir dados e conceber modelos faz parte da mesma ciência.
Obviamente ninguém disse que reunir dados e conceber modelos é exclusivo de um tipo de ciência. O que se disse é que, sim, há actividades que são comuns aos dois tipos de ciência, mas que existem diferenças fundamentais entre as duas. São essas diferenças que são importantes para o debate entre o criacionismo e o evolucionismo.
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O que o Ludwig faz, tal como foi aludido no post acima mencionado, é que ele aponta para as semelhanças e diz que, como tem semelhanças, então são a mesma coisa. Usando a sua lógica, eu posso dizer que como os elefantes, os ratos e os humanos têm olhos, então são exactamente iguais. A forma como tratamos uns tem que ser a forma como tratamos os outros dois, certo Ludwig?
Acrescenta o Mats que «A ciência forense envolve a interpretação de factos actuais como forma de se chegar a posição mais correcta em relação a eventos passados». Talvez seja verdade para a “ciência forense” mas para a ciência não importa se é passado ou futuro.

Claro que interessa. Estudar a queda de Roma envolve métodos diferentes dos métodos que estão envolvidos no estudo da composição química da água. O facto de se "reunirem dados" e de se "conceberem modelos" não invalida as distinções operacionais entre as duas.
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A física que diz onde Marte vai estar daqui a cem anos é a mesma que diz onde Marte esteve há cem anos atrás.
Assumindo que a velocidade de Marte foi sempre a mesma, e que nada de anormal aconteceu durante o seu percurso, sim. Ou seja, assumindo-se aquilo que não pode ser empiricamente observado, que é uma das características da ciência forense (lançar hipóteses sobre eventos passados e testar as hipóteses com as evidências).
Se alguém me vir em Caravelos a andar na Marginal em direcção a Cascais, isso não quer dizer que vim à pé de Caxias. Se calhar vim a andar apenas desde Paço de Arcos, e de lá a Caxias vim de carro. Tu podes medir a que velocidade eu estou a andar, a distância que vai de Caxias a Carcavelos e "especular" há quanto tempo estou a andar. No entanto, tu não podes saber em termos absolutos se eu de facto vim de Caxias à pé, ou se a meio caminho vim de carro.
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Do mesmo modo, tu podes medir a que velocidade Marte se move hoje (ciência operacional), e especular retroactivamente sobre onde Marte estaria 100 anos atrás se a velocidade foi sempre a mesma (ciência histórica/forense). Este exemplo por ti fornecido mostra bem a distinção entre as duas ciências.
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A teoria da evolução explica a origem das baleias e a proliferação de bactérias resistentes aos antibióticos. Não são ciências operacionais nem forenses. São ciência.
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Tal como é dito neste post, este exemplo dado pelo Ludwig é e tipo de exemplo "confusionista" dado pelos crentes darwinistas como forma de manter a ilusão.
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Primeiro, a teoria da evolução não "explica" a origem das baleias. Não foi demonstrado ao mundo a força natural capaz de originar baleias daquilo que não é uma baleia. Só especulações.
Segundo, a origem de baleias não existentes não está ao mesmo nível da diversificação de bactérias já existentes. Uma envolve o aparecimento de uma forma de vida que não existia e a outra envolve a variação genética de formas de vida já existentes.
É por causa de exemplos desses que é importante "separar as águas". Vocês usam o exemplo de um como evidência de outro, sabendo bem que o que está envolvido são eventos diferentes.
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Apesar da criticarem a falibilidade da “ciência forense”, o que os criacionistas fazem não é mais que um coto de ciência.
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Os cristãos não criticam a falibilidade da ciência forense, mas sim, fazemos a distinção entre a ciência forense e a operacional. Uma ciência forense (Arqueologia) tem vindo a confirmar a Autencidade da Bíblia vezes e vezes sem conta, e nós nos alegramos nisso.
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A posta do rabo. O criacionista especula acerca de «eventos passados», um deus que criou isto tudo em meia dúzia de dias, partindo de «factos actuais» como a história que leu num livro. E pronto, fica-se por aí. A ciência também especula mas considera alternativas, selecciona aquelas que explicam melhor os dados e geram modelos mais rigorosos, testa-as, melhora os modelos, revê premissas, dá uso ao que descobre.
Sempre o mesmo discurso.
Os criacionistas não são contra a "ciência", mas sim contra a interpretação naturalista dos dados que a ciência operacional tem vindo a oferecer. Tu podes dizer quantas vezes quiseres que os criacionistas são contra a ciência, mas a quantidade de vezes que dizes isso não vai tornar essa frase verdade.
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E não pára. Não sabemos qual será o conhecimento científico de amanhã mas será certamente maior e melhor que o de hoje. O criacionismo será o mesmo. Os mesmos longos comentários alegando que mutações não aumentam a informação.
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Sim, a ciência tem vindo a descobrir coisas novas, e os criacionistas tem usado a ciência como forma de ser vêr que a interpretação Bíblica dos factos está mais de acordo com as evidências.

Termino com uma citação usada no "Que Treta":
"«Evolution is a historical process that cannot be proven by the same arguments and methods by which purely physical or functional phenomena can be documented.»" (Ernst Mayr, 2001, What Evolution Is. Basic Books, NY , pp 13-14)

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