Mal os actos perpetrados por Anders Behring Breivik vieram a lume, os órgãos de informação tentaram desvendar a ideologia por trás dos ataques.
Depois de inicialmente se especular (erradamente) que o atentado havia sido levado a cabo por um muçulmano (como o são a esmagadora maioria dos ataques terroristas do mundo), as agências noticiosas esquerdistas, que geralmente desdobram-se e contorcem-se de modo a não catalogarem os terroristas como "muçulmanos" quando os ataques são levados a cabo por...... muçulmanos, foram rápidos e caracterizar Breivik como um fundamentalista Cristão e de direita.
O problema para os esquerdistas é que agora ficamos a saber que Breivik não é um fundamentalista Cristão. De acordo com o seu manifesto "Declaração de Independência Europeia" (1518 páginas), ele pode até nem acreditar em Deus. Em vez do Cristianismo, ele pode ser descrito como o resultado duma mistura entre o fundamentalismo científico e o darwinismo social.
Um "ateu Cristão"?
Justificando a necessidade de se alinhar com um grupo que alegadamente defende os "valores Cristãos", ele responde:
A minha escolha baseia-se puramente no pragmatismo.Ele explica que o "Cristianismo" tem um maior "apelo das massas" que o nacionalismo, a supremacia branca ou o paganismo re-avivado, e como tal, é um estandarte mais eficiente sob o qual ele pode construir o seu movimento. (pág. 1381)
(pág. 1380)
Em suma, pode-se dizer que Breivik olha para a religião Cristã tal como Machiavelli olhava para esta fé: como uma arma política. É digno de se ressalvar que o livro de Machiavelli "The Prince" é listado como um dos livros favoritos de Breivik. (pág. 1407)
A sua verdadeira "religião".
Não vou fingir que sou uma pessoa muito religiosa porque isso seria uma mentira. Sempre fui muito pragmático e muito influenciado pelo ambiente e envolvência seculares.De facto, Breivik confessa que ele costumava defender a tese de que "a religião nada mais é que uma muleta para as pessoas fracas. Qual é a finalidade em acreditar Numa Força Superior [maiúsculas acrescentadas] se tu tens confiança em ti próprio?".
(pág. 1344, ênfase adicionado)
Aparentemente Breivik estudou na mesma escola de "pensamento crítico" que os editores de blogues neo-ateus como Portal Ateu, Diário Ateísta ou Que Treta estudaram uma vez que "ter confiança em ti mesmo" não está em oposição a "acreditar Numa Força Superior". Este tipo de "argumento" é bem comum entre os militantes ateus - desejosos de construir um "mundo melhor" sob a direcção de "homens sábios".
Breivik continua:
Se calhar isto é assim em muitos casos. A religião é uma muleta para as pessoas fracas e muitas abraçam a religião por motivos pessoas como forma de obter força mental (para alimentar o seu estado emocional fraco, por exemplo, durante doenças, mortes, pobreza, etc).Dito de outra forma, na melhor das hipóteses, ele vê a sua acomodação à religião é como uma muleta psicológica fornecedora de força anímica para as suas actividades horríveis.Como não sou hipócrita, afirmo directamente que esta é também a minha agenda.
(pág. 1344, ênfase acrescentado)
Embora ele acrescente que ele não chegou a orar a Deus como forma de ganhar forças, ele espera fazê-lo mal ele comece os seus actos assassinos:
Se orar servirá de impulso/calmante mental então o pragmatismo mostra que essa é a coisa certa de se fazer. Acho que na altura hei-de saber . . . . Se Deus existe, eu vou ter permissão para entrar no céu tal como os outros mártires da Igreja do passado.Note-se o "Se" na sua declaração àcerca da existência de Deus. Desde quando é que um "fundamentalista Cristão" se questiona sobre a existência de Deus?
(pág. 1345)
Com relativa frequência Breivik identifica-se como "Cristão cultural", uma expressão que ele define como sendo o mesmo que "ateu Cristão". (pág. 1360)
Sem surpresa alguma, a ideia de Breivik de "Cristianismo cultural" pouco tem a ver com o Cristianismo que a maior parte das pessoas conhece. Por exemplo, Breivik mostra de forma bem clara que para se juntar ao seu movimento em favor do Cristianismo cultural "não é necessário ter um relacionamento pessoal com Deus ou Jesus". (pág. 1361)
De facto, Breivik gostaria de alargar o "Cristianismo" de modo a que este incluísse aqueles que adoram o deus nórdico Odin. Breivik apela à Igreja Cristã que "seja re-criada .... como uma Igreja nacionalista que tolera e permite (de forma bem abrangente) as culturas/o património/a forma de pensar tais como o odinismo." (pág. 1361)
Embora use o adjectivo "cultural", o "Cristianismo cultural" que Breivik tinha em mente não deixa espaço para que os Cristãos possam de facto exercer algum tipo de influência na sociedade, com a excepção dos rituais sociais.
Breivik afirma de forma enfática que ele quer um estado Europeu secular onde...
... a Igreja e os líderes Cristãos não terão permissão para influenciar questões políticas não-culturais. Isto inclui a ciência, a pesquisa, o desenvolvimento e todas as áreas que beneficiarão a Europa no futuro.Isto incluirá todas as áreas relativas à procriação, natalidade, políticas de fertilidade e assuntos relacionados com importância científica (reprogenética)."
(pág. 1137, ênfase acrescentado)
Como se pode ver, Breivik tem uma preocupação "especial" com os Cristãos ao limitar as áreas onde estes podem (e não podem) exercer influência. E porquê? Porque ele vê a ciência biológica - e não Deus ou o Cristianismo - como a verdadeira "salvação" da sociedade. Segundo a sua visão, os avanços na Biologia tornarão possível uma nova forma vigorosa de darwinismo social que irá salvar a raça nórdica através de eugenismo positivo.
Conclusão:
- 1. Não precisa de acreditar na existência de Deus.
- 2. Identifica-se como "Cristão" por motivos pragmáticos e não por acreditar nos fundamentos da fé Cristã.
- 3. Usa o Cristianismo como arma politica.
- 4. Não se identifica como uma pessoa religiosa.
- 5. Considera a fé em Deus como algo feito para pessoas fracas.
- 6. Considera a oração um impulso ou calmante mental (e não comunicação com o Criador).
- 7. Considera que as suas "boas obras" o levarão ao céu, quando a Bíblia diz que as nossas "boas obras" são "trapo da imundícia" aos Olhos de Deus. (Isaías 64:6), e desde logo, insuficientes para a nossa salvação.
- 8. Acredita que é possível acreditar que Deus existe ao mesmo tempo que se defende que Deus não existe ("Cristão ateu").
- 9. Acha que o Cristianismo deveria dar legitimidade ao paganismo, pese embora o facto da Bíblia dizer que o paganismo, e os seus rituais, têm origens no inimigo de Deus (1 Coríntios 10:20: "Antes digo que, as coisas que os gentios sacrificam, as sacrificam aos demónios e não a Deus. E não quero que sejais participantes com os demónios")
- 10. Defende que o Cristianismo não pode ter influencia alguma sobre a sociedade, quando o Senhor Jesus diz exactamente o contrário:
"Vós sois o sal da terra; e, se o sal for insípido, com que se há-de salgar? para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens . . . Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus."Sempre que detectarem uma pessoa com estas características, fujam na direcção contrária porque podem estar na presença dum "fundamentalista Cristão" com tendências genocidas.
(Mateus 5:13,16)