O Ludwig Krippahl
continua a fazer declarações que estão mais ligadas à sua filosofia de vida do que à ciência.
O mais interessante nos seres vivos é a aparência de propósito.
Como é que o Ludwig sabe que o propósito é uma “aparência” e não uma realidade? Ele não diz, mas creio que isto é devido ao facto de que, se as formas de vida evidenciam propósito, então Alguém está por trás desse propósito. Como o Ludwig não acredita que exista Alguém por trás das actividades dos seres vivos, o Ludwig classifica o propósito de “aparente”. (Sim, parece que está lá, mas é só uma ilusão. Não deixes que aquilo que estás a ver te engane!)
As palavras do Ludwig echoam as palavras doutro ateu (Richard Dawkins) que diz:
“Biology is the study of complicated things that give the appearance of having been designed for a purpose.” [1]
Traduzindo rusticamente, ele diz que a Biologia é o “estudo de coisas complicadas que aparentam terem sido criadas/desenhadas para um propósito“.
A pergunta que se faz é a seguinte:
Sera que a razão pela qual essas tais coisas aparentam terem sido criadas é porque elas foram mesmo criadas? As filosofia de vida do Ludwig e a do Dawkins excluem essa opção, e como tal o “aparente” design e propósito existente na biosfera TEM que ser uma ilusão, senão o ateísmo está em perigo.
Isto é só mais um exemplo de como a evolução tem está mais ligada a filosofia de vida de cada um do que a ciência.
O Ludwig acrescenta:
Mesmo o aparente propósito da bactéria exige explicação.
Mas já existe uma explicação: as formas biológicas agem como se tivessem um propósito porque foram criadas por Deus. Deus criou-as com o propósito para sobreviverem e como tal, elas fogem instintivamente de sitauções que ponham em risco a sua existência. O problema é que o Ludwig provavelmente não gosta desta resposta, e como tal, chama o propósito das formas de vida de “aparente”.
O criacionismo é inútil porque parte do princípio que foi tudo criado com propósito, vontade, e até inteligência.
O criacionismo não parte do principio que tudo foi criado com propósito, vontade e inteligência. Propósito, sim. Vontade e inteligência é mais debatível.
O evolucionismo é inútil porque parte do princípio que nada foi criado com propósito, vontade e até inteligência. É tudo aleatório, sem vontade, e sem inteligência.
«Mats» dá vários exemplos de confusões e falsidades, como afirmar que «só seres inteligentes são capazes de […] criar vida a partir de matéria morta.»(1) Se cai uma bactéria no meio de cultura em poucas horas temos milhares de milhões de bactérias, todas criadas dos nutrientes por bactérias sem inteligência.
Resumindo, uma bactéria transformou-se em……bactéria, certo? Não acredito que a esta altura do campeonato o Ludwig ainda faça estes erros.
Ludwig, mais uma vez sou forçado a repetir-me: Nós não queremos saber como é que uma bactéria se transforma numa bactéria. Nós queremos evidências científicas que suportem a noção de que as forças da natureza, por si só, sem “input” inteligente, têm a capacidade de criar seres vivos, por mais microscópicos que sejam.
E mais, o exemplo que ofereceste não é realista uma vez que não foi propriamente a vida a surgir da matéria morta, mas sim a vida a surgir de outra vida.
E fazem-no por processos naturais, sem intervenção divina. E estes processos tornam algo mais simples em algo muito mais complexo. Um ser humano desenvolve-se da união de duas células microscópicas, criando todo o tecido vivo que o compõe a partir de matéria inanimada e aumentando muitas vezes a sua complexidade. E nem precisa pensar nisso.
O que o Ludwig “esqueceu-se” de dizer é que a composição/informação genética necessária para “construir” um ser humano adulto existe a partir do momento que as duas células microscópicas se unem numa só. Nada de novo é criado.
Isto, mais uma vez, não é uma analogia realista.
O «Mats» afirma também que «O facto de que a população varia através dos tempos não explica como é que essa população surgiu inicialmente.» Claro que explica. Explica que essa população, com essas características, surgiu da evolução de outra população, com outras características.
O facto de que as características de um dada população variam com o tempo, não é evidência para a evolução. O fenómeno da variação genética não suporta a teoria da evolução porque esta última exige um tipo de variação que nunca foi vista a acontecer, nomeadamente, uma variação incremental ao nível da informação genética.
Sim, cães variam. Sim, gatos variam (como se vê na foto em baixo).
Sim, até pessoas variam (altas, magras, claras, escuras, obesas etc) contudo isto não explica a sua origem.
Explicar o que acontece dentro de um dado sistema não explica como é que esse sistema se originou. Se um mecânico me explicar como é que um carro funciona até ao mais ínfimo detalhe, isso é muito informativo, mas não explica a forma como é que o carro foi feito. As leis da mecânica que funcionam dentro do carro não foram as mesmas leis que produziram o carro inicialmente. Se eu usar o funcionamento do carburador como evidência de que o carro fez-se a si próprio, tu haverias justificadamente de apontar o problema com essa lógica. Da mesma forma, quando tu apontas a variação genética como evidência de que os animais não foram criados, eu justificadamente questiono a relevância desse argumento.
As primeiras coisas que evoluíram eram populações de moléculas orgânicas simples, sem vida e desprovidas daquele aparente propósito que vemos nos seres vivos.
Isto é um posição filosófica, e não científica.
Aos criacionistas modernos não interessa a pergunta. Não querem saber como surgiu o propósito, a inteligência, a vontade. A vida. Querem apenas que a resposta seja o deus deles.
O propósito, a inteligência em alguns animais, a vontade de viver e a vida em si são produto do Poder Criativo de Deus. As evidências suportam esta crença, portanto não há razão em ser tímido neste aspecto.
«Mats» escreve que «Se ao menos os darwinistas lêssem e acreditassem no primeiro verso da Bíblia, eles haveriam de entender o porquê do naturalismo ser uma hipótese nao-científica falhada». Ciência, para o «Mats», é acreditar na bíblia dele.
Primeiro, ciência para mim não é acreditar na “minha Bíblia”.
Segundo, o facto de que as evidências científicas estarem de acordo com a Bíblia não é de estranhar, no entanto sempre tive o cuidado de dizer que a ciência, dita de uma forma restrita, envolve coisas que podemos testar, repetir, verificar empiricamente. Tanto a Criação como o evolucionismo estão fora do dominio da ciência operacional, mas mais dentro da ciência histórica.
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[1] Richard Dawkins, The Blind Watchmaker (New York: W.W. Norton & Company, ), p. 1.