Ele está feito em forma de defesa aos católicos, mas acho que em traços gerais se aplica a todas as instituições cristãs que foram usadas por pedófilos (na sua esmagadora maioria, homossexuais) como cobertura para abusar de crianças e adolescentes.
Antonio Lemos, LC
É preciso colocar todas as cartas na mesa quando lidamos com a crise dos escândalos sexuais na Igreja.Com frequência regular são amplamente divulgadas na maioria dos jornais, revistas, programas televisivos e internet, matérias sobre abusos sexuais na Igreja. Isso é muito importante, pois em primeiro lugar é uma maneira de dar apoio e fazer justiça às vítimas que foram profundamente feridas por esses atos terríveis. Além disso, a própria Igreja é beneficiada porque aprende com os erros de seus membros e pode colocar em prática os meios para acabar por completo com esta tragédia.
Todavia, há um sério problema. A grande parte dos meios de comunicação não está cumprido o dever de apresentar à sociedade com claridade e justiça todos os fatos relativos aos escândalos. Muitas notícias contêm informações contraditórias ou omitem dados importantes.
Um exemplo desse tipo de prática é a relativamente recente publicação de boatos falsos contra o Papa Bento XVI pelo New York Times no dia 25 de março de 2010. O jornal norte-americano alegou que o Santo Padre ocultou o caso de abusos de um sacerdote dos EUA quando era Prefeito da Congregação da Doutrina da Fé. O fato é que nesse específico caso, a Igreja atuou até melhor que as autoridades norte-americanas, aplicando severa e impecavelmente o direito canônico.
Com o objetivo de desenterrar informações que estão sendo ignorados pela vasta maioria da mídia, o periódico National Catholic Register apresentou na edição de 20 de abril de 2010, 12 pontos que devem ser tomados em consideração para avaliar a atual situação da crise dos abusos sexuais, especialmente nos EUA. Apresento uma síntese destes pontos, pois penso que também podem ser de ajuda para os católicos brasileiros, que não estão sendo poupados dos abusos de alguns agentes da mídia.
1. A crise está chegando ao fim. A maioria das alegações são do período entre 1960 e 1985, e apenas 6 casos de abuso sexual foram denunciados em 2009 nos EUA, onde há 46.700 sacerdotes. Isto significa que apenas 0,01% estão envolvidos nos escândalos.
2. Não existe uma tentativa mundial de encobrir os casos. A crise surgiu de situações individuais, distantes uma da outra em tempo e lugar. Ninguém teve os meios necessários para organizar uma operação de encobrimento em escala global.
3. Dar publicidade aos casos parecia a decisão errada a tomar naquele momento específico. O contexto cultural daquela época era diferente, quando o problema ainda não tinha sido completamente discernido e todas as grandes instituições silenciavam escândalos. Os escândalos foram silenciados (especialmente nos EUA e Irlanda) por razões que pareciam plausíveis naquela situação: proteção das vítimas e das suas famílias, oportunidade de reabilitação dos culpados, preocupação de poupar outras pessoas do escândalo. Por isso, é anacronismo julgar eventos que aconteceram 30 anos atrás com os critérios atuais.
4. O Papa Bento XVI é parte da solução, não do problema. Ele organizou profundas mudanças nos procedimentos do Vaticano e apoiou os bispos dos EUA na recuperação após as alegações de 2002, bem como na recente crise na Irlanda.
5. Ninguém está fazendo mais para lidar com a tragédia do abuso sexual de menores que a Igreja Católica. A Conferência de Bispos dos EUA informou que mais de 5 milhões de crianças receberam treinamento para criar um ambiente seguro e mais de 2 milhões de voluntários, empregados e membros do clero se submeteram à verificação de antecedentes.
6. Seminaristas agora são submetidos a uma análise mais profunda. Isso inclui tanto uma completa verificação de antecedentes e testes psicológicos, de acordo com a Conferência de Bispos norte-americanos.
7. Abuso sexual de crianças é um mal amplamente constatado em todos os campos sociedade, não somente na Igreja Católica. No dia 8 de abril, a pesquisadora da Faculdade de Justiça Criminal John Jay, Margaret Leland Smith, comentou na revista Nesweek que “o abuso sexual de meninos é comum, mas não é reconhecido, não é divulgado e nem tratado devidamente” concluiu o estudo.
8. As crianças podem estar mais seguras com sacerdotes do que com qualquer outra pessoa. De acordo com Dr. Garth Rattray (autor do livro The Gleaner, 2002), cerca de 85% dos abusos vem de membros da família, babás, vizinhos e amigos.
9. Relações com adolescentes adultos (efebo-filia) representam 90% dos casos envolvendo sacerdotes e menores de idade. Abusos de adolescentes menores de 13 anos contam apenas 10% dos casos. Desses, aproximadamente 60% são relações homossexuais e 30% heterossexuais. Nos EUA, 81% das vítimas são meninos e 19% meninas.
10. Laicização não é sempre a melhor solução. A insistência dos meios de comunicação para que os sacerdotes culpados sejam laicizados o quanto antes ignora dois fatos importantes: a primeira fase, chamada suspensão, da qual os bispos estão instruídos para seguir nesses casos, remove o sacerdote temporária ou permanentemente do ministério de forma que ele não seja mais um perigo para os menores de idade. Mas quando um sacerdote é laicizado, a Igreja já não pode monitorar as suas atividades e restringir o seu acesso a menores de idade, então o culpado estará livre para agir na sociedade.
11. A Igreja está cuidando das vítimas. Em 2009, a Conferência dos Bispos dos EUA informou que $6,5 milhões de dólares foram gastos na terapia das vítimas do abuso sexual cometido por sacerdotes (para informações completas em inglês http://www.usccb.org/catholic-church-sxl-ab.pdf). O Papa também tem manifestado publicamente diversas vezes sua dor e incondicional apoio pelas vítimas, tomando a iniciativa de encontrá-las em muitas ocasiões.
12. A Igreja é santa, muito embora seus membros sejam pecadores. Como afirma o Catecismo, “a Igreja, que no seu próprio seio encerra pecadores, é simultaneamente santa e chamada a purificar-se, prosseguindo constantemente no seu esforço de penitência e renovação” Todos os membros da Igreja, inclusive os seus ministros, devem reconhecer-se pecadores. Em todos eles, o joio do pecado encontra-se ainda misturado com a boa semente do Evangelho até ao fim dos tempos. A Igreja reúne, pois, em si, pecadores abrangidos pela salvação de Cristo, mas ainda a caminho da santificação” (no. 827).
Todos esses aspectos ajudam a compreender que o problema dos abusos sexuais não é um problema exclusivo da Igreja, mas de toda a sociedade. Acredito, que a maior contradição na mídia brasileira é condenar vorazmente a Igreja no jornal da noite, e imediatamente na novela seguinte promover abertamente o erotismo e a vulgaridade. O único meio de fazer um jornalismo sério e colaborar para o desenvolvimento integral da nação brasileira é comprometendo-se com a verdade e com a dignidade da pessoa humana. Basta aos abusos sexuais a menores em todos os setores da sociedade: igreja, escola, vizinhança, família. Mas também, basta de contradições, omissões e baixaria nos meios de comunicação.
Fonte: Pastoralis
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