O meu argumento contra Deus era o de o universo parecia cruel e injusto. Mas donde é que eu aprendi os conceitos do justo e injusto? Um homem não qualifica uma linha torta de "torta" a não ser que ele tenha uma ideia do que uma linha recta é. Com o quê é que eu comparava o universo quando o qualifiquei de "injusto"?Se tudo o que aconteceu desde o princípio foi mau e injusto, como é que eu, que supostamente faço parte do espectáculo, me encontro da posição de rebeldia contra a situação? Um homem sente-se molhado quando cai na água porque ele não é um animal aquático: um peixe nunca se sentiria molhado.
Claro que eu poderia ter abandonado a minha ideia de justiça afirmando que ela apenas era uma ideia pessoal minha. Mas se eu fizesse isso, então o argumento contra Deus tinha um colapso uma vez que o argumento depende do facto de o mundo ser de facto injusto e não simplesmente que ele não agradava as minhas preferências pessoais.
Portanto, durante o acto em tentar provar que Deus não existe - por outras palavras, que a realidade era sem sentido - vi que era forçado a assumir que uma parte da realidade - nomeadamente, a minha concepção de justiça - fazia sentido. Consequentemente o ateísmo revela-se muito simples.
Se o universo não tem propósito nós nunca haveríamos de saber que ele não tem propósito ou sentido: do mesmo modo que se não existisse luz no universo, e portanto não houvesse criaturas com olhos, nós nunca saberíamos que ele estava escuro.
A palavra "escuro" não faria sentido.
O que o C.S. Lewis implicitamente diz é que quando o ateu usa o argumento do "mal", ele está a assumir coisas que contradizem o que ele tenta provar com esse mesmo argumento do "mal". Ele está a revelar ter conhecimento que vai para além do mundo em que nós vivemos.
O argumento do mal assume muitas coisas, uma delas sendo que o ser humano não foi feito para viver com o que o ateu qualifica de "mal". Mas donde vem essa crença? Se a morte, violência, assassinatos, violações, pedofilia, terremotos e outras coisas mais sempre fizeram parte da existência humana, donde é que vem o conhecimento de que essas coisas são más? Com o quê é que o ateu as compara? Existe algum padrão absoluto na base da qual o ateu qualifica comportamentos e eventos? Houve alguma altura em que o homem não sofreu? Será que há uma versão ateísta do Jardim do Éden?
Claro que a razão pela qual o ateu sabe que isto está errado é a Natureza de Deus em si. A Bíblia diz-nos que o ateu sabe que Deus existe (Romanos 1) e que conscientemente rejeita o que Deus lhe diz como forma de manter a sua moralidade intacta. A forma através da qual nós podemos ver que o ateu sabe que Deus existe é a sua constante alusão ao "problema do mal". Se Deus não existe, não há Padrão Absoluto que sirva de modelo comportamental, e como tal o ateu não tem argumento nem forma de classificar situações e comportamentos como "maus".
Mas como o ateu sabe que Deus existe, então ele apela a uma Lei Moral Absoluta, embora se tente convencer de que o Criador dessa Mesma Lei não existe.
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