Artigo Original por Rui G. Moura
Os meios de comunicação social anglo-saxões e a blogosfera continuam cheios de informações, análises e debates acerca do Climategate. Mas em Portugal, ao contrário, os media escondem tanto quanto podem esta tragédia da ciência. A tentativa de silenciamento deste escândalo de enormes proporções, que se abateu tanto no campo científico como no campo político, não honra os media portugueses.
Convém recapitular os factos:
Um ou mais hackers, por enquanto desconhecidos, tornaram públicos quase sete mil ficheiros com cerca de mil emails da unidade de investigação CRU (Climate Research Unit) da Universidade de East Anglia, Norwich, Reino Unido.
Por sua vez, a CRU está intimamente ligada a outro centro de investigação Hadley Center (daí a existência do acrónimo HadCRU) na reconstrução do índice das temperaturas médias globais da superfície do planeta obtidas a partir de observações termométricas.
Esta informação HadCRU é difundida pelo Met Office inglês (equivalente ao nosso Instituto de Meteorologia) e, igualmente, pela Organização Meteorológica Mundial. O IPCC utiliza, oficialmente, esta informação e ignora as observações dos satélites meteorológicos
Assim, o correio electrónico, os ficheiros e os códigos informáticos sacados pelos hackers valem uma autêntica fortuna pois revelam a extensão conspirativa dos que tramaram o mito do aquecimento global. O material revelado cobre algo mais do que uma dúzia de anos (de 1996 a 2009). Seria desejável saber como todo este material foi tornado público e porque o foi. Uma dissidência interna de cientistas que se mantêm escrupulosos?
Curiosamente, os hackers tiveram o cuidado de explicitar o objectivo da sua acção ao escreverem no cabeçalho do arquivo a seguinte nota explicativa:
«Pensamos que, actualmente, a ciência do clima é demasiado importante para que se mantenha secreta. Por isso, tornamos público correspondência, códigos e documentos escolhidos aleatoriamente. Esperamos que isto abra os olhos para se ver em que ponto está esta ciência e como ela é utilizada por estes responsáveis.»
Outra curiosidade reside na designação que os hackers deram ao nome do arquivo que é um tesouro informático: FOI2009. Não foi por acaso que se escolheu este nome. Para os anglo-saxões FOIA é o acrónimo de Freedom of Information Act, a lei da liberdade de informação.
Deste modo, os hackers, sabedores de que violavam uma lei sobre pirataria informática, quiseram dar a entender que, antes deles, o CRU violou uma outra lei, a lei da liberdade de informação, uma lei sagrada para os anglo-saxónicos.
Dado o cuidado com que o pacote informático foi preparado para divulgação pública na internet, tudo leva a concluir que os hackers são pessoas dentro dos meandros de toda esta questão.
Será algum cientista da própria Universidade de East Anglia, do CRU ou mesmo do Hadley Center? Seja quem for, é alguém que ficou deveras chocado com os procedimentos sem escrúpulos dos “cientistas” envolvidos neste processo: a maior impostura científica de toda a história da Ciência.
Se tivesse sido um hacker vulgar, poder-se-ia perguntar qual a razão por que ele não atacou os servidores informáticos de James Earl Hansen ou de Michael Mann. Ou de Gavin Schmidt, braço direito de Hansen.
Até agora nenhum emissor ou receptor da correspondência electrónica negou a genuidade da documentação publicada na internet. Alguns até reconheceram a autoria dos emails.
Foi o caso de Michael Mann e Kevin Trenberth, segundo o Washington Post. Mas outros dos apanhados com a boca na botija apresentam desculpas esfarrapadas e procuram minimizar o significado dos seus escritos.
Alguns, quando não conseguem dar respostas aos jornalistas, dizem que “já não se lembram de ter escrito ou recebido tais emails…”. Tais respostas são, na realidade, uma confirmação de que têm culpas no cartório.
Os responsáveis do CRU não se atrevem a afirmar que os emails não são verdadeiros ou que foram fabricados pelos hackers. Há múltiplas cópias desses emails em muitos servidores da internet, tanto no Reino Unido como nos EUA.
Torna-se evidente que algumas das personagens envolvidas nesta tragédia da ciência deverão ser levadas a depor em julgamento, pelo menos nos EUA. No Reino Unido, o perjúrio acarreta também uma pena pesada.
Com tantas pessoas envolvidas, é provável que alguém diga toda a verdade ao invés de correr o risco de ir parar à prisão por perjúrio. Mas quanto mais prevaricarem após o rebentamento do escândalo mais probabilidades têm de ser castigados quando forem chamados a depor. Alguns dos prevaricadores sabem que têm a espada pronta a cair em cima da cabeça. Um deles é Phil Jones.
A prevaricação é por demais evidente. Os juízes não vão perdoar o facto de eles não terem querido fornecer – como é norma da lei – os dados pedidos por Steve McIntyre. Nem perdoarão o facto de terem apagado ou tentado apagar dados.
McIntyre está agora em condições de, a partir dos códigos informáticos, reproduzir as curvas das temperaturas e verificar aquelas que foram manipuladas. Este tipo de coisas acontece quando um cientista se escusa de fornecer os dados e os códigos.
Tenhamos esperança de que, a partir de agora, o escândalo coíba futuros comportamentos anti-éticos e atentados à idoneidade científica. Deve-se exigir que os dados e os códigos sejam públicos a fim de poderem ser replicados os resultados. As consequências deste processo para as tomadas de decisão política – com efeitos na vida do cidadão comum – assim o exigem.
A fraude do Climagate corrobora plenamente tudo o que diziam os cépticos do aquecimento global. Tal trapaça deveria fazer reflectir políticos como os do governo português e da União Europeia.
Sem entenderem nada do assunto, estes políticos deram endosso total e acrítico às teses do global warming. Eles gastaram rios de dinheiro com a patranha do aquecimento global, além de deformarem gravemente a política energética dos países da UE pois a mesma foi posta a reboque dos impostores climáticos.
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