quinta-feira, dezembro 10, 2009

Segundo Sam Harris, o ateísmo é absurdo

Sam Harris (ateu) escreveu um livro contra as religiões (excepto a sua) intitulado de "The End of Faith".

Como é comum na maioria dos livros ateus contemporâneos, Sam Harris enumerou diversas atrocidades cometidas no nome da religião como evidência para o falhanço da fé religiosa. Ele diz:

Sempre que ouvires que alguém começou a matar não combatentes indiscriminadamente, questiona-te acerca do dogma que os impele. O que é que estes assassinos acreditam. Vais ver que é sempre - sempre - algo absurdo. (2004, p. 106, ital. in orig.)
Embora Harris esteja errado em equivaler o Cristianismo do Novo Testamento com outras religiões, ele está certo em afirmar que pessoas que matam não combatentes de forma indiscriminada estão iludidas com alguma crença absurda. Infelizmente, o Sam Harris não se apercebe que ao fazer esta declaração, ele classificou o ateísmo como uma crença absurda.

O termo "não combatente" não é difícil de compreender. O mesmo classifica pessoas que não estão envolvidas numa guerra, tumulto ou situação de combate. De forma geral, o termo descreve mulheres e crianças inocentes.

Se fossemos a perguntar que categoria humana melhor se encaixa no termo "não combatente", concluiríamos que os bebés são a tal categoria. Daí se infere que qualquer crença moderna que advoga a matança de bebés inocentes é uma crença absurda - segundo o Sam Harris.

Quando olhamos para os escritos de Sam Harris, descobrimos que a sua filosofia ateísta justifica a matança indiscriminada de bebés não nascidos. Harris, tal como os seus irmãos na fé ateísta, suporta o aborto.

Como é que o Sam Harris não se apercebeu da conexão entre a sua visão pró-aborto e a matança indiscriminada contra a qual ele se expressa? A resposta está manifesta nos seus próprios escritos, uma vez que ele colocou uma questão semelhante:

Como era possível um guarda nazi voltar dos campos de matança todos os dias e ser um pai amoroso para os seus filhos? A resposta é surpreendentemente directa: os judeus que ele torturava e matava não eram o objecto da sua preocupação moral. Não só eles eram estrangeiros à sua comunidade moral, como eram contra a mesma.

A sua crença em relação aos judeus impediram o aparecimento da natural simpatia humana que de outra forma lhe teria impedido que ele levasse a cabo tal matança. (2004, p. 176).

Sam Harris acertadamente concluiu que os nazis racionalizavam a matança de judeus excluindo os judeus da categoria humana e, desde logo, indignos de pertencer à mesma comunidade moral que os nazis.

Obviamente que o ateu evolucionista Sam Harris não acredita que os nazis tinham o direito de ter este sistema de crenças. Harris acredita que os nazis eram culpados de perpetuar actos moralmente condenáveis. No entanto, e de forma surpreendente, uma página mais tarde Harris mostra que a sua versão do ateísmo está ao nível do hipotético soldado nazi aludido em cima. Ele afirma:

Incidentalmente, é aqui que uma resposta racional para o aborto está à espreita. Muitos de nós considera o feto humano durante a altura do terceiro trimestre como sendo mais ou menos como um coelho: havendo imputado a ele uma gama de felicidade e sofrimento que não lhes dá um estatuto completo dentro da nossa comunidade moral.

Presentemente, isto parece razoável. Apenas futuras descobertas científicas podem refutar esta intuição. (p. 177, ênfase adicionado).

O soldado nazi justificava a matança diária de judeus dizendo que os mesmos estavam fora da sua comunidade moral. Os ateus como o Sam Harris justificam a matança indiscriminada de crianças inocentes e não nascidas afirmando que os mesmos não possuem "um estatuto completo dentro da nossa comunidade moral".

Conclusão:

De acordo com o Sam Harris, nós temos que descortinar qual o dogma absurdo que justifica o suporte que a comunidade ateísta dá ao aborto. Quando nós o fazemos, verificamos que o dogma que dá suporte pseudo-científico ao aborto é a crença de que os seres humanos são organismos naturais que evoluíram de animais inferiores durante milhões de anos.

Esta crença absurda remove a humanidade e a dignidade que são garantidas pela crença No Criador Divino. Pior que isso é o facto do ateísmo conferir aos seres humanos (e não a Deus) a autoridade final no que toca a determinar quem tem (ou não tem) "um estatuto completo dentro da nossa comunidade moral".

Se o ateísmo está certo, é moralmente aceitável redefinir a comunidade humana de forma a incluir animais, ou excluir algumas categorias de humanos. Para além disso, poderia ser moralmente justificável matar indiscriminadamente não combatentes escolhendo-se um critério arbitrário como a idade, a capacidade mental ou habilidade física.

Mas o Sam Harris declarou acertadamente que qualquer sistema de crenças que pactua com tais acções é "sempre - sempre - um absurdo".

Conclui-se portanto que, de acordo com o Sam Harris, o ateísmo é um absurdo. Sempre.


REFERÊNCIAS

Butt, Kyle (2007), “All Religion is Bad Because Some Is?

Harris, Sam (2004), The End of Faith (New York: W.W. Norton).

0 comentários:

Enviar um comentário

Os 10 mandamentos do comentador responsável:
1. Não serás excessivamente longo.
2. Não dirás falso testemunho.
3. Não comentarás sem deixar o teu nome.
4. Não blasfemarás porque certamente o editor do blogue não terá por inocente quem blasfemar contra o seu Deus.
5. Não te desviarás do assunto.
6. Não responderás só com links.
7. Não usarás de linguagem profana e grosseira.
8. Não serás demasiado curioso.
9. Não alegarás o que não podes evidenciar.
10. Não escreverás só em maiúsculas.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Share

Twitter Delicious Facebook Digg Stumbleupon Favorites More