Há uns dias atrás o Rui Passos entrou em contacto com o Sabino, com o Jónatas Machado e comigo para um artigo que ele estava a preparar para o jornal "Sexta". O artigo faz parte da edição do dia 19 de Dezembro de 2008, e ele encontra-se na página 10 do mesmo.
Neste post eu vou comentar algumas das coisas que ele escreveu, e principalmente as coisas que ele não escreveu.
O criacionismo ainda não chegou às escolas portuguesas, por isso contenta-se, para já, com a blogosfera. É aí que Jónatas Machado ataca o método científico, a sua falibilidade e a ausência de provas da teoria da evolução das espécies.Logo no primeiro parágrafo vêmos a direcção que o artigo toma. O Rui, tal como a maioria dos darwinistas, assume que, mostrar como a teoria da evolução não está de acordo com as observações, é um "ataque à ciência". O Jónatas pode muito bem falar por si, mas se o Rui lhe perguntar, ele vai descobrir que o Jónatas não ataca a ciência, mas mostra como a ciência está contra a teoria da evolução.
Sim, a ciência tem limites, mas esses limites são a consequência de a ciência ser feita por seres limitados como nós. No entanto, convém mostrar que, apesar de a ciência ter limites (coisa que tanto criacionistas como evolucionistas concordam), aquilo que nós podemos observar hoje contradiz aquilo que os darwinistas dizem que aconteceu no passado.
As descobertas científicas ‘transformaram’ Adão e Eva, a Arca de Noé e os Dez Mandamentos de Moisés escritos pela mão de Deus, entre outras histórias bíblicas, em figuras de estilo.Infelizmente o Rui não tinha espaço para informar os leitores quais foram as "descobertas científicas" que "transformaram" as personagens Bìblicas em "figuras de estilo". Supostamente ele está aludir para a defunta teoria do JEPD. Segundo esta teoria, o Pentateuco (os primeiros 5 Livros da Bíblia) não foram escritos por Moisés, mas sim por um grupo de obscuros e, até hoje, não-identificados escritores durante o último milénio antes de Cristo. Esta hipótese foi desenvolvida por Julius Wellhausen (1844–1918), tendo como pano de fundo a visão evolutiva da história (dominante nos circulos filosóficos da altura).
Ele afirmou que as partes do Pentateuco que lidavam com doutrinas sofisticadas (Monoteísmo, os Dez Mandamentos, o Tabernáculo, etc) não foram na verdade reveladas por Deus, mas eram sim ideias que tinha evoluído a partir de formas de pensar "inferiores". Estas supostas formas de pensar "inferiores" incluiam o politeísmo, o animismo, a adoração de figuras familiares mortas, etc,
O problema para esta teoria, para além de não ter evidências a seu favor (e para além de se basear numa visão do mundo que nunca aconteceu - evolução), é o de as evidências confirmarem que o Pentateuco tem indícios de ter sido escrito (ou editado) por um autor."After feeding the 20,000 Hebrew words of Genesis into a computer at Technion University in Israel, researchers found many sentences that ended in verbs and numerous words of six characters or more. Because these idiosyncratic patterns appear again and again, says project director Yehuda Radday, it seems likely that a sole author was responsible. Their exhaustive computer analysis conducted in Israel suggested an 82 percent probability that the book has just one author." - Omni magazine of August 1982:Para mais informação lêr o seguinte artigo:
1. "Did Moses really write Genesis?"
O artigo diz ainda:
A Igreja Católica não mais ousa impor sobre os seus fiéis a interpretação literal da Bíblia.Infelizmente o artigo não define a diferença entre a leitura "literal" e a leitura contextual.
O Senhor Jesus Cristo disse:
João 10:7-10 Tornou, pois, Jesus a dizer-lhes: Em verdade, em verdade vos digo que eu sou a porta das ovelhas. Todos quantos vieram antes de mim são ladrões e salteadores; mas as ovelhas não os ouviram. Eu sou a porta; se alguém entrar por Mim, salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens.Usando o critério da leitura "literal", temos que concluir que o Senhor Jesus Cristo é Feito de Madeira, uma vez que Ele diz que Ele é a Porta. No entanto, como qualquer pessoa pode entender depois de uma leitura contextual, o propósito do texto não é o de revelar algo sobre a anatomia do Senhor, mas sim revelar a Exclusividade do Papel Salvador do Senhor. Todos aqueles que querem se reconciliar com Deus tem apenas um Caminho: Jesus Cristo. Sem Ele, não há salvação (João 14:6).
Esta é a diferença entre a leitura contextual e a leitura literal. Literal é levar tudo à letra ignorando o contexto (coisa que nenhum cristão no mundo faz). Contextual é lêr os versos e vêr a mensagem emitida segundo o seu contexto. Tendo isto em conta, podemos dizer que o contexto do Livro de Génesis, especialmente no primeiro capítulo, é um contexto histórico/descritivo. Não há indício nenhum no Texto Sagrado para "alegorias" ou "figuras de estilo", e como tal é ilógico forçarem-se essas coisas para um Texto que não oferece evidências nesses sentido.
Segundo, o facto de a igreja católica não "forçar" a leitura "literal" do Livro do Génesis, não invalida que a leitura criacionista da Bíblia é a leitura que sempre foi aceite entre os católicos. Pode-se lêr neste site a crença que os católicos sempre tiveram sobre as nossas origens.
Como se isso não fosse suficiente, a história do cristianismo não-católico confirma a crença criacionista como sendo a ortodoxa:
Por exemplo, Calvino diz:
2. Deus criou em seis dias:
3. Adão e Eva são figuras históricas, e não alegóricas:
O que Calvino disse sobre a criação, a origem do pecado e o dilúvio pode ser visto neste site. O mesmo pode ser dito de Basil e de qualquer outro líder cristão durante os primeiros 19 séculos do cristianismo.
Aliás, Basil disse uma coisa que deveria fazer pensar todos aqueles que se chamam de "cristãos" mas estão debaixo do feitiço darwinista:
‘Avoid the nonsense of those arrogant philosophers who do not blush to liken their soul to that of a dog; who say that they have been formerly themselves women, shrubs, fish. Have they ever been fish? I do not know; but I do not fear to affirm that in their writings they show less sense than fish.’ (Homily VIII:2)
Impressionante como as palavras de Basil continuam tão actuais, principalmente se levarmos em conta o que a teoria da evolução diz sobre o imaginado passado aquático do homem. Parece que mitos ateus já andam a atacar a verdade há muito tempo.
Como se isso não fosse suficiente, temos as palavras de professores de hebraico que confirmam a interpretação criacionista do Livro de Génesis. Aqueles que sabem hebraico dizem que o texto de Génesis é escrito em forma de narrativa histórica:
‘… probably, so far as I know, there is no professor of Hebrew or Old Testament at any world-class university who does not believe that the writer(s) of Genesis 1–11 intended to convey to their readers the ideas that:
- Creation took place in a series of six days which were the same as the days of 24 hours we now experience
- The figures contained in the Genesis genealogies provided by simple addition a chronology from the beginning of the world up to later stages in the biblical story
- Noah’s flood was understood to be world-wide and extinguish all human and animal life except for those in the ark.’ James Barr, Oriel Professor of the interpretation of the Holy Scripture, Oxford University, England, in a letter to David C.C. Watson, 23 April 1984.
O método científico faz-se de testes, verificação e discussão, e isso distingue-o do criacionismo, esclarece Ludwig Krippahl, o ‘animador’ de Que Treta! (www.ktreta.blogspot.com).'Animador' é a palavra certa, porque tudo o vêmos lá é animação mas muito pouca ciência.
Sim, a ciência faz-se de testes, verificação e discussão, mas, tal como já disse em cima, o que está em discussão não é a ciência mas a teoria da evolução.
Uma vez que o artigo usa a observação como uma das características da ciência, o criacionista pode muito bem perguntar:
* Qual é o aspecto exclusivo da teoria da evolução que alguma vez foi observado?
Não pode ser "variação genética", uma vez que, para além da genética ter sido practicamente iniciada por um criacionista (Gregory Mendel), a variação de genes não explica a origem de genes.
Não poder ser a selecção natural uma vez que, para além do conceito ter sido aludido por um cristão 25 anos antes de Darwin (Edward Blyth), a selecção natural não é uma força criativa, mas sim um filtro natural. Se se fôr estudar a teoria para além da publicidade que é mostrada ao público, vamos descobrir que aquilo que é estritamente exclusivo da teoria da evolução não pertence à ciência observacional, mas sim a ciência histórica/forense. Aliás, esta posição (que a teoria da evolução pertença a ciência histórica) também foi mantida pelo filósofo da ciência Karl Popper, para grande constrangimento de certos círculos darwinistas.
O artigo diz ainda que
A reduzida aposta no conhecimento leva a que o cidadão comum não saiba como rejeitar a tese criacionista de que o mundo tem 6.000 anos, quando confrontado com elaCuriosamente, as pessoas mais interessadas em censurar o conhecimento são os darwinistas. Um pouco por todo o mundo há reportagens de professores e académicos que foram censurados e/ou excluídos de cargos cientificos importantes pelo "crime" de mostrar evidências (o tal conhecimento a que o Ludwig alude) que refutam a teoria da evolução.
Os criacionistas são a favor de mais conhecimento nas escolas públicas. O darwinistas é que não querem que informação não controlada chegue aos ouvidos do público.
Continuando:
Os criacionistas aproveitam-se disso para apresentar a sua fé como uma hipótese ao nível das teorias científicas modernas.O Ludwig não diz quais são as "teorias científicas modernas" ao nível das quais os criacionistas tentam colocar o criacionismo, mas sendo ele um darwinista, não é difícil de adivinhar.
O problema é que os criacionistas não tentam colocar o criacionismo ao mesmo nível que a teoria da evolução. O que nós dizêmos é que, uma vez que os dados científicos e históricos estão de acordo com o criacionismo, a teoria da evolução é totalmente falsa. Porque é que nós haveríamos de tentar pôr uma teoria verdadeira ao mesmo nível de uma teoria que diz que os dinossauros "transformaram-se" em passarinhos? Totalmente ilógico.
À superfície, parecem semelhantes. Só quem escava é que vê que o criacionismo é só a superfície – acaba logo na Bíblia.Para quê mudar de paradigma se o que têmos está de acordo com as evidências? Se o Ludwig encontrar outro documento que explique melhor as experiências humanas e as observações científicas, talvez ele consiga fazer desaparecer o criacionismo. Infelizmente para ele, e para todos os outros darwinistas que depositaram a sua fé em Darwin, a Bíblia está certa sobre as nossas origens, e como tal nós não temos necessidade de adoptar outra filosofia sobre as origens. Repito: para quê ignorar Um Livro se ele está de acordo com as evidências?
Se a Bìblia está certa sobre as nossas origens, talvez esteja certa sobre o nosso futuro. Talvez esteja certa sobre o céu e sobre o..... inferno.
E ao contrário do que afirmam criacionistas, a teoria da evolução não se ‘diz’ 100% certa.Interessante. Quais são as partes da teoria que não estão certas?
“A questão é saber se há alguma alternativa teórica mais plausível, e não apenas possível logicamente”, diz Desidério Murcho (www.dererummundi.blogspot.com), professor de Filosofia na Universidade Federal de Ouro Preto, no Brasil.Mas há pelo menos duas alternativas à teoria naturalista sobre as nossas origens. O problema é que essas duas alternativas (Design Inteligente e Criação) não estão de acordo com as regras da ciência que os naturalistas desenvolveram, e como tal as alternativas são filosoficamente rejeitadas mesmo antes de serem consideradas.
É mesma coisa que um réu ser apresentado num tribunal e o juiz disser "Deixe-me desde já informá-lo que neste tribunal não existe nenhum conceito de 'inocente'. Muito bem. Como é que você se declara?" Ora, se não existe nenhum conceito de inocente, então o réu é sempre culpado.
O mesmo se passa ao nível das nossas origens. Os naturalistas definiram a ciência de modo a que ela esteja sempre de acordo com o naturalismo. Desde modo, qualquer teoria que ponha em causa o naturalismo é rejeitada, mesmo que as evidências estejam de acordo.
Uma forte evidência para isso é a forma como os naturalistas reagem ao facto de o universo ter as constantes da física muto bem calibradas de modo a permitir a vida na Terra. Para qualquer pessoa não presa ao naturalismo isto seria uma forte evidência para a criação. O naturalista, no entanto, não podendo aceitar isso, rejeita os dados científicos, e imagina cenários totalmente ilógicos.
Para melhor se vêr isso, leiam este post: "Tudo Menos Deus, Por Favor!"
Trocada por linguagem futebolística, a distância que separa a ciência do criacionismo “é a diferença entre o fã que diz que o seu clube é o maior e o treinador que procura aperfeiçoar os treinos de forma a optimizar o rendimento dos atletas”O problema, claro está, é que a "ciência" não está em desacordo com o criacionismo. Tudo aquilo que o criacionismo postula está de acordo com o que podemos observar. O mesmo não se pode dizer da teoria que afirma que num passado remoto gatos surgiram daquilo que não era um gato, e pessoas surgiram daquilo que não eram pessoas.
Na mesma linha, Desidério Murcho adverte que “o pior que se pode fazer ao suposto debate sobre a teoria da evolução é pensar que se trata realmente de um debate intelectual.Concordo plenamente, sr Desidério Murcho. Isto não é apenas debate intelectual, mas um debate ideológico.
O que nós temos aqui são duas interpretações do passado: uma afirma que a natureza é um sistema fechado que não recebe informação de fora, e a outra diz que a natureza só existe porque recebeu originalmente informação de fora.
O que os darwinistas tentam fazer é definir a sua interpretação como "ciência" e a interpretação criacionista como "fé". A realidade dos factos é que as duas interpretações são o resultado de uma posição de fé. A diferença é que a fé cristã está de acordo com as observações, e a fé darwinista não está.
Conclusão:
Eu gostaria de chamar a atenção para uma coisa. Se reparem nas palavras do Ludwig e do Desidéro citadas pelo Rui, vão notar um padrão: eles mal tocam no assunto da teoria da evolução. Porque será? Se a discussão é "evolucão versus criação", não é curioso que os darwinistas passem a maior parte do tempo a "defender a ciência" do que a defender o evolucionismo?
Mas, sem ser condescendente nem paternalista, eu posso dizer que de certa forma entendo. Afinal de contas, quem é que quer defender a tese que afirma que, se tivermos tempo suficiente, um colossal dinossauro pode ser "converter" num colibri? Quem é que quer se expôr ao ridículo da crença que afirma que a baleia evoluiu de um animal terreste?
É fácil ser-se evolucionista quando toda a gente à volta pensa da mesma forma e assume as mesmas coisas, mas é mais difícil quando nós sabemos o que está por trás do mito evolucionista.
Pode ser que o artigo do Rui ponha as pessoas a pensar mais sobre estes assuntos até chegar a Verdade, "E a Verdade vos libertará" (João 8:32).
Pode ser que haja pessoas que estejam inseguras nestes pontos, mas que depois de lerem artigos criacionistas elas possam de certa forma tomar uma decisão mais consciente. Não quer isto dizer que ao lerem artigos criacionistas elas se vão tornar criacionistas, mas sim que, se forem rejeitar o criacionismo, ao menos que rejeitem com conhecimento de causa.
Tal como já disse num passado muito recente, quanto mais informados estamos, menor é a hipótese de sermos enganados, tal como Deus diz:
"O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento" Oséias 4:6Na ignorância da Verdade, as ideologias falsas florescem.
Eu pessoalmente agradeço ao Rui a hipótese que ele me deu de expôr o meu ponto de vista na revista "Sexta".
Boas Festas a todos.
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