Uma equipa de investigadores portugueses identificou pela primeira vez um gene mutado no cancro gastrointestinal, que poderá servir num futuro próximo como biomarcador de prognóstico ou ajudar a desenvolver novos medicamentos.Aparentemente nenhuma referência foi feita à teoria da evolução no artigo do Correio da Manhã. Tal como já foi dito no passado, é impressionante como os cientistas conseguem fazer o seu trabalho científico sem levar em conta a não existente "história evolutiva".O trabalho, a publicar em breve pela revista ‘Human Molecular Genetics’, foi realizado pela equipa do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (IPATIMUP), liderada por Raquel Seruca, em colaboração com o Instituto Ricardo Jorge e o Instituto de Biotecnologia e Bioengenharia do Instituto Superior Técnico.
"Desde há muito tempo que nos preocupamos em encontrar genes mutados, especialmente nos cancros colo-rectal e gástrico, que possam servir como biomarcadores para perceber o estado da doença, modificar a terapêutica dos doentes ou desenvolver novas drogas", explicou Raquel Seruca.
O estudo demorou três anos.
Perguntem-se o seguinte:
1. Será que um criacionista teria problemas com este tipo de progresso científico?
2. De que forma é que a teoria da evolução oferece uma plataforma mais racional para o avanço do conhecimento biológico, quando as grandes descobertas médicas aparentam não depender em nada da teoria da evolução?
Sem dúvida que os crentes ateus vão apontar para a palavra "mutação" e inferir que se está a falar de evolução. Nada poderia ser mais falso. O facto de existirem mutações não significa que se está a presenciar um evento evolutivo.
A teoria da evolução veio para explicar a origem das formas de vida, mas a mutações são eventos que ocorrem depois das formas de vida já existirem. Portanto, a observação de mutações não serve de evidência para a teoria da evolução.
8 comentários:
Mats:
Feliz Ano Novo!
Coloca no seu texto a questão “De que forma é que a teoria da evolução oferece uma plataforma mais racional para o avanço do conhecimento biológico, quando as grandes descobertas médicas aparentam não depender em nada da teoria da evolução?”
A Medicina não depende apenas de conhecimentos ligados a Biologia. Mas já agora, só para uma resposta breve, a medicina está a basear-se na teoria da evolução quando estuda o desenvolvimento da resistência das bactérias aos antibióticos. E é baseado na teoria da evolução que um médico aconselha alguém que padece de uma doença provocada por bactérias a “tomar o medicamento prescrito todo até ao fim, mesmo que se sinta bem já a meio do tratamento”.
Por si só um gene com uma mutação não faz nada. Mas muitas mutações... isso já é outra coisa. E ainda assim a teoria da evolução não se baseia inteiramente em mutações.
Mas vá, vamos falar de mutações e da sua importância para o processo de evolução dos seres vivos, em particular os dos seres humanos e seus antepassados. Por exemplo nas regiões de África onde a malária era endémica até meados do século XX existem muitas mutações que são prejudiciais para uns quanto indivíduos, mas que tornam os seus pais (e vários dos seus familiares mais próximos) resistentes á malária. Mais interessante ainda, a mesma coisa acontece em regiões da Europa onde se sabe que a malária foi uma doença endémica antes do século XX.
P.S.: Não compreendi muito bem o que quer dizer no último parágrafo do seu texto. O objectivo da teoria da evolução não é explicar a origem da vida mas sim apresentar e estudar os mecanismos por detrás da adaptação das diferentes formas de vida ao seu habitat, ao longo de gerações e gerações. Penso que o estudo da origem da vida é um pelouro dos químicos.
Ana,
1. Eu sei que a medicina não depende só da Biologia. O que eu disse é que a medicina não depende nada da teoria da evolução.
2. Resistência às bactérias nãoo é um fenómeno evolutivo uma vez que nada de novo é criado, mas sim ocorre uma recombinação de genes que já existem.
3. Mutação não é sinónimo de evolução. Todos os cientistas criacionistas aceitam as mutações e a selecção natural. O problema é que nunca foi observado nenhuma das duas a fazer o que os evolucionistas dizem que elas são capazes.
Mats:
Tem de pensar a longo prazo... bem mais longo do que 6 a 12 mil anos!
...E penso que a sua definição de "observação científica" é diferente da definição da comunidade científica. "Observação científica" não é "ver com os próprios olhos"!
E já agora o que quer dizer com "Resistência às bactérias não é um fenómeno evolutivo uma vez que nada de novo é criado, mas sim ocorre uma recombinação de genes que já existem"?
Reli várias vezes esta sua frase e não consigo compreender o seu significado. Talvez seja mais fácil se me indicar o que é para si uma "recombinação de genes".
P.S.: A nível molecular um gene é uma coisa muito, muito grande. Se uma molécula de dióxido de carbono tivesse o tamanho de uma bola de futebol, um gene médio provavelmente seria maior do que o empire state building.
Tem de pensar a longo prazo... bem mais longo do que 6 a 12 mil anos!
Mas só penso assim se precisar, e só a teoria da evolução (e as teorias que lhe servem de suporte) é que precisam de "pensar a longo prazo". A ciência não precisa disso.
...E penso que a sua definição de "observação científica" é diferente da definição da comunidade científica. "Observação científica" não é "ver com os próprios olhos"!
Pois seja. Não há nenhuma observação científica que suporte a noção de que a selecção natural e as mutações aleatórias são capazes de gerar a biocomplexidade.
E já agora o que quer dizer com "Resistência às bactérias não é um fenómeno evolutivo uma vez que nada de novo é criado, mas sim ocorre uma recombinação de genes que já existem"?
Para melhor veres o que tenho em mente, vê este artigo.
Já agora, só uma pergunta pessoal: qual é a tua área de trabalho?
BOm ano.
Olá Mats,
O fenómeno de rsistência pode gerar novas proteínas. Uma mutação num gene pode fazer com que o gene não traduza nada, traduza uma proteína semelhante, produza uma proteína diferente e funcional ou produza uma proteína disfuncional. São coisas novas.
É por haver recombinação genética no vírus da gripe que aparece uma pandemia e é devido à deriva antigénica que necessitamos de vacinas anuais.
Bom ano
Mats:
Penso que o Mats está a confundir o conceito de mutação com o conceito de recombinação genética. Estes conceitos são bastante diferentes, como pode comprovar por uma consulta rápida nas páginas respectivas da wikipedia (para as quais coloquei um link).
A leitura do texto do link que referiu no seu último comentário não dissipou as minhas dúvidas. Continuo sem compreender o que quer dizer na frase a que o meu comentário de 12 de Janeiro se reporta.
No link que indicou no seu último comentário é feita uma afirmação incorrecta: ”O que nós observamos, no entanto, são mutações que 1) ou são neutras ou 2) são causadoras de perda de informação genética”. Nem todas as mutações impõem a perda de informação genética. O melhor exemplo, que já se provou ter acontecido em muitas e variadas espécies, é a mutação por duplicação (este processo também vem indicado numa das figuras da página da wikipedia sobre mutação).
Também verdadeiro é o que o Dário refere no primeiro parágrafo do seu comentário.
O fenómeno de rsistência pode gerar novas proteínas.
Como por exemplo?
Uma mutação num gene pode fazer com que o gene não traduza nada, traduza uma proteína semelhante, produza uma proteína diferente e funcional ou produza uma proteína disfuncional. São coisas novas.
Não só isso está de acordo com o criacionismo, como não explica a origem das proteínas e dos genes
É por haver recombinação genética no vírus da gripe que aparece uma pandemia e é devido à deriva antigénica que necessitamos de vacinas anuais.
Exactamente, mas nada disso depende de crenças evolucionistas. Um criacionista que seja cientista não tem problemas nenhuns com mutações e selecção natural. Vocês é que equivocam a presença de mutações como se isso fossem dados que comprovam o suposto processo evolutivo.
Penso que o Mats está a confundir o conceito de mutação com o conceito de recombinação genética.
Acho que mutação é uma recombinação.
Continuo sem compreender o que quer dizer na frase a que o meu comentário de 12 de Janeiro se reporta.
Resistência por parte de bactérias a um dado químico não é evidência para evolução porque essa resistência envolve eventos que estão de acordo com o criacionismo.
No link que indicou no seu último comentário é feita uma afirmação incorrecta: ”O que nós observamos, no entanto, são mutações que 1) ou são neutras ou 2) são causadoras de perda de informação genética”. Nem todas as mutações impõem a perda de informação genética.
Eu nunca disse que todas as mutações impõem perda de informação genética.
O melhor exemplo, que já se provou ter acontecido em muitas e variadas espécies, é a mutação por duplicação (este processo também vem indicado numa das figuras da página da wikipedia sobre mutação).
E também está de acordo com o criacionismo, uma vez que é duplicação de informação que já existe.
Mats:
Uma recombinação genética não é uma mutação. São dois fenómenos diferentes que ocorrem com material genético.
Penso que está a fazer confusão entre mutação de DNA e recombinação genética, e ao faze-lo pode confundir os seus leitores (como aconteceu comigo). Por isso fiz referência aos artigos relativos a estes dois fenómenos publicados na wikipedia.
Adaptando o texto que escreveu no seu último comentário escrevo: Um criacionista que seja cientista não tem problemas nenhuns com mutações e selecção natural. A teoria da evolução considera a ocorrência de mutações e a selecção natural como mecanismos que actuam na sobrevivéncia e geração de descendência dos seres vivos (a tal "adaptação ao meio" que implica a "evolução das espécies").
O facto de um mecanismo físico (como é o caso de uma mutação) ser aceite por uma teoria (que pessoalmente não considero) científica como o criacionismo não impede que seja aceite por outra teoria cietífica que apresente pressupostos contrários.
Finalmente, o processo de duplicação de um gene permite aumentar a informação genética de duas formas:
1) porque um ou mais genes passam a existir em duplicado (o que tem depois consequências a nivel celular se as cópias dos genes duplicados forem expressas, ou seja, se da duplicação resultar uma maior produção das proteinas correspondentes);
2) porque, mantendo-se a porção original igual, o seu duplicado pode sofrer uma ou mais mutações (ou até, quem sabe, sofrer uma recombinação genética) tornando-se diferente da porção original. Torna-se então válido o que o Dário referiu no primeiro parágrafo do seu comentário.
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