O militante ateu e ardente evolucionista Ludwig escreveu no seu blog um post com o título “Sei Que Deus Não Existe“, onde ele tenta, de forma lógica, explicar o porquê de rejeitar a existência de Deus. Embora ele tente refutar todas as concepções de Deus com uma só “vassourada”, o seu post tem como ponto principal o Deus da tradição Judaico-cristã.
Uma coisa que eu reparei no post é que o Ludwig tem mostrado alguma dificuldade em ter uma concepção realista de Deus.
O Ludwig diz:
Algo existe se forem verdadeiras todas as proposições que o caracterizam.
Ele depois dá o exemplo da aranha encarnada no tecto
Por exemplo, existe uma aranha encarnada no tecto do meu quarto se for verdade que é aranha, que é encarnada e que está no tecto do meu quarto. Se uma destas for falsa então não existe uma aranha encarnada no tecto do meu quarto.
Até aqui tudo +/- bem. O problema começa quando ele diz:
Em suma, sei que o Deus cristão não existe porque tenho razões para concluir que nem todas as proposições que o caracterizam são verdadeiras.
Mas agora convém perguntar: quais proposições? Aquelas que o Ludwig concluiu que devem ser as “sine-qua-non” para a existência de Deus? Uma coisa é eu exigir que Deus se manifeste de uma certa forma, outra é eu deixar que as evidências falem.
Estou-me a lembrar do debate entre o filósofo cristão Greg Bahsen e o ateu Gordon Stein, onde o último disse que acreditaria em Deus e Ele fizesse levitar uma mesa em frente durante alguns minutos. Com este nível de “requerimentos”, é fácil ser-se ateu!
O Ludwig faz o mesmo erro. Ele define as proposições que ele considera serem as válidas, e diz que, como essas são falsas (segundo ele), então o Deus da Bíblia não existe.
Não acho que seja lógico operar-se assim. Eu acho que pela Natureza do assunto (Deus) este nível de exigências reduz em muito a dimensão do debate.
Se nós estamos a falar de Um Ser Sobrenatural, que actuou na história, na geologia, na biologia, na antropologia, mas que nem sempre actua de forma sobrenatural, o nível de exigências têm que levar isso em conta.
O Ludwig, neste post, não chegou a qualificar Deus, mas em traços gerais pode-se qualificá-Lo da seguinte forma:
“O Deus que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de homens;Podemos vêr que Deus é o “Criador”, “Senhor dos céus e da Terra”, “Auto-suficiente”, “Sustentador”, “Imaterial”, “Omnipotente”, “Omnisciente”, etc, etc.Nem tão-pouco é servido por mãos de homens, como que necessitando de alguma coisa; pois Ele mesmo é quem dá a todos a vida, e a respiração, e todas as coisas;
E, de um só, fez toda a geração dos homens, para habitar sobre toda a face da terra, determinando os tempos já dantes ordenados, e os limites da sua habitação;
Para que buscassem ao Senhor, se, porventura, tacteando, o pudessem achar; ainda que não está longe de cada um de nós” – Actos 17
Tendo em conta isto, vamos vêr as proposições que o Ludwig “exige” para crêr na existência de Deus.
Algumas parecem claramente falsas. Tudo indica ser impossível que algo imaterial seja consciente.
Aqui vêmos a filosofia de vida do Ludwig a “classificar” uma proposição de falsa. Como é que o Ludwig sabe que um ser imaterial não pode ser consciente? O Ludwig “sabe” disso porque assume que assim seja, não porque tenha evidências em favor do que ele disse.
Segundo, se a nossa consciência é apenas matéria (químicos), então o que nós pensamos nada mais é que apenas o que os químicos nos “dizem” para pensar. Que razão temos nós para confiar nas nossas capacidades cognitivas?
O ateísmo refuta toda a base para se confiar na nossa mente, e desde logo, como ateu, o Ludwig não pode confiar naquilo que pensa. São só químicos em movimento.
No entanto, se Deus existe, e se nós fomos criados à Sua Imagem e Semelhança (Génesis 1:26-27), então temos fundamento para confiar nas nossas capacidades mentais. Embora o mundo em que vivêmos esteja sob a maldição do pecado (Génesis 3:17), nós ainda retemos a Imagem de Deus em nós, e a nossa mente é o reflexo da Mente de Deus - embora num nível bem inferior.
Resumindo este ponto: se a consciência é apenas matéria, então não há razão para confiar nela. Se a consciência vai para além do mundo material, e se foi feita à Imagem de Deus, então há razões para se confiar nos nossos pensamentos. Desde logo, se é impossível que algo imaterial seja consciente, então não razões para se confiar na crença que diz “tudo indica ser impossível que algo imaterial seja consciente“
É contraditório ser omnisciente e livre ou agir quando se existe fora do tempo.
Isto são anúncios filosóficos, e não factos. Como é que o Ludwig sabe que é contraditório ser Omnisciente e livre, ou agir fora da dimensão do tempo?
A doutrina da trindade não faz sentido nem é razoável aceitar que Deus é Jesus, que nasceu de uma virgem, ressuscitou, salvou todos pelo seu sacrifício e assim por diante.
Note-se que o Ludwig não disse o porquê da Trindade não “fazer sentido”, nem disse o porquê de não ser “razoável” acreditar-se que “Deus é Jesus”, no nascimento de uma virgem, na ressurreição, nem no Sacrifício Expiatório.
Todos sabemos que num blog é difícil uma pessoa expandir-se como provavelmente desejaria, mas se calhar não era má ideia oferecer uma razão para a “falta de sentido” ou a falta de “razoabilidade” desta ou daquela crença.
Convém dizer que nenhum cristão acredita que Deus é Jesus.
Vejo boas razões para rejeitar muitas das proposições que caracterizam Deus por serem incoerentes ou contrárias às evidências. É principalmente por isso que sei que ele não existe.
Contrárias as evidências, ou contrárias as interpretações que o Ludwig faz das evidências?
Mas os cristãos defendem que o seu deus é excepção e não pode ser conhecido pela ciência.
Tudo depende do que o Ludwig define como “ciência”. Se a “ciência” é apenas o naturalismo aplicado, então, obviamente, Deus não pode ser encontrado através de uma actividade que rejeita à priori qualquer causa ou efeito que não seja naturalista.
No entanto, se por ciência o Ludwig tem em mente a actividade que testa todas as hipóteses, sem rejeitar nenhuma hipótese por motivos filosóficos, então pode-se dizer que podemos “conhecer” Deus.
Obviamente que a ciência não é a melhor forma de se conhecer a Deus, da mesma forma que as pegadas que eu deixo na praia não são suficientes para as pessoas saberem quem eu sou. No entanto, a ciência aponta para o Sobrenatural, tal como as evidências numa cena de crime apontam para o culpado.
A Melhor Forma para se conhecer a Deus é a Pessoa do Senhor Jesus Cristo (Lucas 10:22, João 14:6). Nele vêmos como Deus é, como Deus opera, ama, cuida, cura e conforta.
Ou seja, nenhuma das propriedades de Deus pode se inferida daquilo que observamos.
Esta frase assume que o Ludwig conhece TODAS as propriedades de Deus, e que já observou TUDO o que havia para observar. Uma vez que o Ludwig não sabe todas a propriedades de Deus, e nem observou tudo, esta frase é mais uma postulação filosófica feita no nome da “lógica”.
Postular que Deus está fora de tudo o que conhecemos e é uma excepção a qualquer inferência torna impossível determinar as suas propriedades.
Torna-se impossível, se nós assumirmos que Deus não comunica com os homens que ele criou. No entanto, como nem todos partilham desta pressuposição, mais uma vez vêmos uma crença pessoal a moldar o nível de exigência.
Segundo, o facto de que Deus existe para além das nossas capacidades sensoriais não invalida que Ele Se possa manifestar pontualmente de forma que os nossos sentidos possam observar. O Profeta Moisés viu com os seus olhos a Sarça Ardente, e ouviu com os seus ouvidos a Voz de Deus que saía de Dentro da Sarça (Êxodo 3).
Qualquer cristão rejeita as hipóteses que Deus ditou o Corão, que Deus é um Boddisatva, que Deus é Vishnhu ou Rama ou Odin. Não porque as possa refutar, pois estão todas igualmente fora daquilo que se pode testar.
Não necessariamente. Uma vez que acreditamos naquilo que a Bíblia diz (e até hoje não temos razão para duvidar), tudo aquilo que vai contra aquilo que Deus disse é falso. As outras “religiões” dizem coisas que não só vão contra as nossas observações, mas vão contra aquilo que o Criador disse. Eu poderia dar-te exemplos em como o Islão, por exemplo, vai contra a história, a ciência observável e a lógica. O mesmo pode ser feito do Budismo, do Hinduismo, etc, etc.
Não rejeitamos os outros deuses porque não podemos testá-los, mas porque temos forma de testá-los, e vimos que são falsos.
Mas porque são mera especulação e a probabilidade de acertar nisto à sorte é ridiculamente pequena. Eu aplico o mesmo princípio às hipóteses que Deus inspirou a Bíblia, que encarnou em Jesus, que nos deu mandamentos e assim. É tudo pura especulação e vai tão longe do que se justificaria inferir que não merece qualquer confiança. Posso afirmar que isso está errado e que esse deus, definido dessa forma, não existe.
O Ludwig não nos disse como é que sabe que é TUDO especulação. Como é que ele sabe que é especulação que Deus incarnou na Pessoa do Senhor Jesus Cristo? Provavelmente ele “sabe” disso porque ASSUME que tais coisas nunca podem acontecer. Tal como tinha dito em cima, o Ludwig usa a sua filosofia de vida como forma de refutar o Sobrenatural.
Se os cristãos rejeitam a possibilidade de testar as suas hipóteses alegando que não se pode confrontá-las com a nossa experiência então já sei que são falsas.
Talvez tenha lido mal, mas será que o Ludwig está a dizer é que aquilo que não pode ser testado é automaticamente falso? Então que fazer da crença que diz que os dinossauros evoluíram para pássaros? Que dizer da crença que defende que o mundo material é TUDO o que existe? Como é que testamos isso? Como é que testamos a evolução de um animal terrestre para uma colossal baleia?
Usando o critério proposto pelo Ludwig, podemos concluir que, uma vez que tais coisas não podem ser testadas, então são falsas.
Se querem defender que há evidências a favor das suas conclusões então têm que prescindir da alegada imunidade aos factos observáveis e avaliar cada hipótese à luz daquilo que conhecemos.
Eu nunca li ou ouvi um cristão a dizer que Deus é “Imune aos factos observáveis”. O Ludwig também não definiu o que ele entende como “imune aos factos”.
Mas será que os factos observáveis estão contra aquilo que Deus diz na Bíblia? Então vejamos:
1. Deus diz que os animais vão-se reproduzir de acordo com o seu “tipo” (heb: “bara” – Génesis 1). O que é que observamos? Gatos dão à luz gatos, cães, cães, etc, etc. Ou seja, o que observamos está de acordo com a Bíblia.
2. Deus diz que houve um Dilúvio que cobriu toda a Terra (Génesis 6-9). Se isto é verdade, o que é que encontraríamos no registo fóssil? Milhões de coisas mortas enterradas em camadas rochosas que foram depositadas pela água. Curiosamente, é exactamente isso que encontramos.
3. A Bíblia diz que os dinossauros e o homem sempre viveram lado a lado. O que é que os achados mostram? Exactamente isso.
Muitos outros exemplos poderiam ser dados, mas o que importa ressalvar é que, até hoje, que eu saiba, não foi observado nada que contradiga a Palavra do Criador. Nem poderia ser de outra forma, uma vez que Ele estava lá quando as coisas aconteceram, e nós não.Conclusão:
O que este post mais uma vez mostra é o peso que as nossas pressuposições têm quando investigamos o mundo à nossa volta, e principalmente quando interpretámos os factos passados. O Ludwig é um firme crente no naturalismo, e como tal, qualquer evidência que vá contra o naturalismo tem que ser rejeitado ou re-interpretado.
Para o cristão isto não deve ser surpresa porque Deus diz:
Salmo 14:1
Diz o néscio no seu coração: Não há Deus. Os homens têm-se corrompido, fazem-se abomináveis em suas obras; não há quem faça o bem.
Convém reparar que Deus põe a rejeição da Sua pessoa não ao nível intelectual mas ao nível moral. As pessoas rejeitam Deus não por razões intelectuais, mas devido à sua própria moralidade.
Que existem evidências que facilmente mostram que tem que existir Um Criador é por demais óbvio. No entanto, que existem pessoas que rejeitam, ignoram ou reinterpretam as evidências de modo a manterem-se a sua filosofia de vida, é também por demais claro.
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